Matéria publicada na edição 39 | Junho e Julho 2008 – ver na edição online
O mundo da fantasia na escola
Através do uso de fantasias, as crianças da Educação Infantil se transformam nos seus personagens favoritos. Muitas escolas estão investindo em fantasias e em espaços apropriados para elas, e encaixando a atividade na rotina dos pequenos estudantes.
Ana Maria de Almeida Felice, orientadora do ciclo 1 (G1 ao G4) da Escola Carlitos, localizada na zona oeste de São Paulo, conta que o colégio tem um salão de faz de conta, com vários ambientes que remetem às situações familiares das crianças. “Temos um consultório médico, um cabeleireiro, uma casinha com quarto, sala e cozinha, um supermercado e um espaço com fantasias, acessórios e máscaras. As crianças da Educação Infantil freqüentam este salão em média três vezes por semana e escolhem do que querem brincar”, explica.
Segundo Ana Maria, na Carlitos as fantasias podem ser utilizadas pelas crianças a partir de um ano, mas é entre os pequenos com mais de dois anos que o interesse pela atividade é maior. “E entre os três e os quatro anos de idade a criança vive o auge do interesse pela elaboração do faz-de-conta”, acredita. Para a coordenadora da Carlitos, nessa faixa etária o jogo simbólico é muito forte e o uso de objetos próximos do real faz com que a brincadeira tenha mais força. “E assim é também com as fantasias, elas ajudam as crianças a compor melhor o personagem. A dramatização possibilita a vivência de conflitos. O brincar tem uma função simbólica e ajuda a criança na elaboração destes conflitos”, afirma. Ana comenta que há crianças que adoram usar fantasias, outras, entretanto, se recusam a vesti-las. Para estas, há opção de uso de adereços, como chapéus, panos, óculos.
Para a psicopedagoga Silvia Bedran, a escola nunca deve forçar o uso da fantasia mas abrir possibilidades, como promover o dia do brinquedo, o dia da fantasia ou estimular o uso da vestimenta em atividades na escola. “Cada criança tem a sua personalidade, e nisso não podemos mexer. Se a criança está feliz mesmo sem usar fantasias, isso é o mais importante”, diz. Segundo Silvia, o ato de experimentar faz parte da infância. “Na faixa etária da Educação Infantil, experimentar é muito comum. Ela experimenta aquilo que não pode ser. Porém, só usar fantasias pode ser uma postura obsessiva e exige um olhar diferenciado de um profissional”, esclarece. A psicopedagoga complementa que é aconselhável que a escola não faça do momento das fantasias apenas mais uma brincadeira. “O trabalho deve ter começo, meio e fim. É preciso dar um sentido pedagógico, por exemplo, contando uma história ou montando uma maquete com base nas fantasias utilizadas pelos pequenos”, sustenta.