Matéria publicada na edição 63 | Novembro 2010- ver na edição online
Apoio à aprendizagem da leitura e da escrita
A educação tem vivido certa crise sobre qual seria hoje o melhor método de alfabetização entre as crianças, especialmente depois que o construtivismo promoveu um fenômeno de “desmetodização”, aponta a pedagoga Divani Aparecida Albuquerque Nunes, pós-graduada pela Universidade de São Paulo, professora de 3º ano e coordenadora do Grupo de Apoio Pedagógico da Prefeitura de Taboão da Serra. Divani ministra cursos no Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo) como formadora em alfabetização, onde propõe diferentes jogos como auxílio ao processo de ensino-aprendizagem.
Segundo ela, ainda falta uma “metodologia mais definida” para a alfabetização. Os educadores vêm recorrendo “a sistemas diferenciados, como o método fônico, global e misto”, pois as crianças apresentam diferentes estilos de aprendizagem, “algumas são mais metódicas, outras mais sinestésicas”. “O professor não consegue ensinar a todos do mesmo jeito.” Nesse sentido, acrescenta, “os jogos favorecem a reflexão e o pensamento da criança em relação à linguagem, a associação entre a escrita e a fala, com isso os educadores conseguem atender à diversidade de estilos dos alunos”, diz.
Divani explica que existem crianças que precisam de silabação, “mas outras se sentem pouco estimuladas ou desafiadas” com esse método. “O jogo funciona como um canal que propicia a aprendizagem porque ele atrai a criança, mas desde que o professor seja um motivador e saiba trabalhar; o recurso não deve ser usado como passatempo”, adverte. Segundo Divani, o ideal é que seja proposto uma vez por semana. Em boa parte das situações, o próprio educador pode criar os jogos, como “boliches com nomes”, em que organiza a turma em grupos, solicitando que forrem latinhas de refrigerantes com papel fantasia ou pardo, pregando os nomes em cada peça. O desafio é que o aluno derrube apenas aquela que apresenta o seu nome, sugere.
Outras possibilidades são os caça-palavras, jogos da memória, advinhas, cartas, brincadeiras com bolas, bingos, entre muitos outros. Os jogos mexem com o imaginário das crianças e proporcionam experiências mais prazerosas no contato com a língua e a escrita, observa Lígia Colonhesi Berenguel, assistente de direção do Ensino Fundamental I da Escola Villare, localizada em São Caetano do Sul. “Ele integra a parte lúdica da apropriação, assim como a música e a poesia”, diz. Conforme observa Lígia, o nome próprio e os dos colegas surgem como um dos instrumentos mais utilizados nesta dinâmica, pois são “o texto de maior significado à criança” e servem “como referência à escrita de novas palavras”.
Na Escola Villare, os jogos estão presentes também na pré-alfabetização, afirma Cilene Iatalese Ferrari, coordenadora da Educação Infantil na faixa etária de 4 e 5 anos. “Trabalhamos o desenvolvimento de habilidades para o ciclo da alfabetização que se inicia no 1º ano do Ensino Fundamental”, diz. Nessa fase, os alunos são capazes de identificar os nomes por completo, “já fazem a associação entre a letra inicial e outras palavras”. “Com 5 anos, as crianças escrevem de acordo com a hipótese de escrita em que se encontram, associando as letras e a fonética”. A pedagoga Divani Albuquerque lembra que “a alfabetização deve iniciar mesmo somente no 1º ano, com 6 anos”. O ciclo se completa no 3º ano, quando a criança deve saber ler, escrever, produzir texto oral e escrito, dominando a segmentação e a paragrafação, finaliza Divani.
Saiba mais:
DIVANI A. ALBUQUERQUE NUNES
Divani@uol.com.br
CILENE IATALESE FERRARI
cilenef@escolavillare.com.br
LIGIA COLONHESI BERENGUEL
ligia@escolavillare.com.br