Matéria publicada na edição 53 | Novembro 2009 – ver na edição online
Cuidados para o uso de produtos químicos.
Por Rosali Figueiredo
A limpeza representa um item importante do Programa Escola Promotora de Saúde do município de Embu, coordenado pela médica Glaura César Pedroso, pediatra da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e presidente do Departamento de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria do Estado. “Trabalhamos com esse tema de maneira integrada a outras ações de segurança, promovendo oficinas com os educadores e formando Comissões Escolares de Prevenção de Acidentes e Violências (CEPAVs).” Segundo Glaura, o manuseio dos produtos de limpeza é um dos riscos aos quais as escolas devem estar bastante atentas. Principalmente pelas intoxicações que podem causar nas crianças menores de cinco anos e pelas queimaduras, “tanto por contato direto com substâncias cáusticas, como também por uso de materiais inflamáveis”.
O auditor de qualidade e consultor na área, Paulo Rodrigues Félix, observa que ainda é muito comum no ambiente empresarial a compra dos produtos utilizados em casa pelos responsáveis por este abastecimento. “Há um descompasso entre a rigidez da legislação que recai sobre os fabricantes de produtos e equipamentos e os usuários finais”, mesmo que sejam escolas ou condomínios, destaca Paulo. Segundo ele, são freqüentes ainda problemas como a falta do uso dos EPI´s (Equipamentos de Proteção Individual), mistura ou aplicação inadequada de produtos, além do uso constante de vassouras e rodos em lugar de equipamentos mais apropriados, que evitam o contato direto entre o funcionário e as substâncias.
Dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), apontam que o Sudeste respondeu por quase 70% dos acidentes com produtos domissanitários (de limpeza doméstica) em 2007, dos quais grande parte (90%) em São Paulo. De 8.606 ocorrências computadas, 7.163 representaram acidentes individuais, 317 uso indevido e 220 problemas de ordem ocupacional, entre outros. Três óbitos foram registrados. Um dos exemplos mais comuns com intoxicação ocorre com a aplicação do cloro, identifica Paulo Félix. “Considerado excelente desinfetante e bactericida, o produto é tóxico, corrosivo, provoca lesões e doenças respiratórias, cria poros nas superfícies, facilitando alojamento para bactérias e bolor.” Como alvejante, “mancha os uniformes e desbota os rejuntes dos banheiros”. Causa ainda danos ambientais, ao poluir a água e o ar.
Em lugar do cloro, o consultor sugere os desinfetantes para a lavação dos sanitários, por exemplo. “Ele desinfeta, não é alvejante nem inflamável, sua agressão ao meio ambiente é de baixo grau e o cheiro ou aroma pode ser escolhido conforme cada gosto.” Já a médica Glaura Pedroso recomenda às escolas um cuidado especial com o álcool. “Álcool apenas a 70%, em pequenas quantidades, como é vendido nas farmácias, usado para higiene e curativos”, diz. A pediatra desaconselha também a aquisição de produtos caseiros, cuja composição é desconhecida, o que dificulta “avaliar os riscos ou prever as consequências de um eventual acidente”.
Glaura também lembra a necessidade do atendimento rigoroso às instruções dos fabricantes dos produtos. Em caso de intoxicações, a médica recomenda a busca de socorro imediato, “tendo em mãos a embalagem do produto”, e um contato telefônico com o Centro de Controle de Intoxicações da região.” Segundo a médica, as escolas podem obter mais orientações por meio dos portais da internet da Organização Não Governamental Criança Segura (http://www.criancasegura.org.br) e pelo próprio serviço da Fiocruz (http://www.fiocruz.br/sinitox).