Matéria publicada na edição 61 | Setembro 2010 – ver na edição online
Articulando Teoria & Prática, Experimentação e Método Científico.
A professora doutora Suzana Ursi, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, visitará em breve o Ministério do Meio Ambiente e instituições de pesquisa em Brasília, com sua ex-aluna Ana Claudia Cassanti, do Colégio Dante Alighieri, como parte do prêmio “Cientistas do Amanhã”, concedido, entre outros, pela SBPC e UNESCO. Elas foram contempladas pelo projeto Microbiologia Democrática, realizado no Dante dentro de um programa de pré-iniciação científica. Suzana orientou o trabalho, que concebeu material didático de baixíssimo custo e sem necessidade do espaço formal do laboratório para o ensino de microbiologia a estudantes de 11 e 12 anos. Foram elaborados um manual impresso, um DVD e uma proposta de oficina para professores de Ciências. O projeto também teve a participação da aluna Ana Clara Cassanti e da professora Eliana Ermel de Araujo (falecida em 2008).
Ele se baseia no pressuposto que é possível aos alunos produzirem seus próprios materiais, através da reciclagem de embalagens PET e uso de gel, afirma Suzana. Esta é mais uma alternativa para o ensino da Biologia na Educação Básica, propõe a docente, que inclui o laboratório, no entanto, como ferramenta ainda central para os estudos. Na verdade, todos os recursos se complementam, incluindo as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s). “Estas permitem simulações, mas não substituem o laboratório, pois é neste espaço que os alunos podem fazer exercícios de observação e manipulação de materiais.”
O ensino da Biologia passou por grande transformação em princípios da década de 60, quando a primeira Lei de Diretrizes e Bases (LDB) “descentralizou as decisões e permitiu aos gestores e professores contextualizar o conteúdo, colocando a experiência prática no currículo”, relata Suzana. A LDB de 1996 (Lei 9.394) reforçou “a conexão do factual com o cotidiano”, diz. Outro salto foi a introdução da perspectiva dos estudos dirigidos pela professora doutora em Educação da USP, Myriam Krasilchik. Autora de diversos livros na área e graduada em História Natural, Myriam forneceu um novo parâmetro ao ensino da Biologia, observa Suzana, o que “inspirou o desenvolvimento de bons materiais didáticos atuais”. De acordo com Suzana, a tendência é que a relação ensino-aprendizagem de todas as ciências adote como base o processo investigativo, de forma a que o aluno “vivencie o método científico”, com a problematização, elaboração e teste de hipóteses, sistematização dos dados, produção de texto e conclusão.
O coordenador de projetos da rede Pueri Domus no Ensino Fundamental e Médio, André Bocchetti, graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Ceará e doutor em Educação pela USP, defende um vínculo constante entre os conteúdos e a produção social. Outro quesito fundamental está na postura do professor, “que deve ser capaz de inquietar os alunos e de problematizar o conhecimento em sala de aula, utilizando-se dos materiais didáticos, dos laboratórios e das TIC’s”. E o formato desses recursos “precisa brincar com a inquietação do estudante”. No caso dos laboratórios, observa, é importante que contemplem áreas como botânica, anatomia, zoologia e microscopia.
Saiba mais:
André Bocchetti
Andre_bio@hotmail.com
Materiais didáticos/Inst. Biociências USP
www.ib.usp.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=93&Itemid=98
Suzana Ursi
www.botanicaonline.com.br
suzanaursi@usp.br
OBS.: ambos os sites acima oferecem material didático para download gratuito e estão vinculados aos professores e pesquisadores do Instituto de Biociências da USP.