Matéria publicada na edição 51 | Setembro 2009 – ver na edição online
Critério ergonômico dá o tom na escolha do mobiliário.
Por Rosali Figueiredo
O Colégio Dante Alighieri vem trocando mesas e carteiras das salas de aula, de forma a proporcionar um desempenho mais ergonômico na postura de seus alunos. “Os móveis anteriores não se adequavam mais ao padrão do Colégio”, observa Marcio Usmari, gerente de compras e manutenção geral do Dante. Plataformas menos planas, estruturas metálicas revestidas de fórmica, cantos arredondados e bordas revestidas com material sintético caracterizam o novo mobiliário e proporcionam mais conforto e segurança, diz.
A fisioterapeuta e pedagoga Vanina Figueiredo Ventura explica que as plataformas de mesas e cadeiras escolares devem ter as bordas arredondadas como forma de evitar a compressão vascular. “As bases totalmente planas exercem muito mais pressão sobre a parte posterior da coxa, dificultando o retorno da circulação. Já a forma mais arredondada distribui melhor a pressão e faz com que não se comprimam os vasos sanguíneos.” Vanina observa que o corpo humano “não nasceu para ficar sentado”, por isso recomenda aos professores estimularem sempre as crianças e adolescentes a mudarem de posição, para evitar tensão muscular. Segundo ela, “ficar em uma única postura durante muito tempo reflete em tensão muscular e, em longo prazo, em desalinhamento articular, como escoliose”.
Palestrante e consultora em educação corporal, Vanina recomenda ainda que não se utilize cadeiras presas às mesas, tipo de mobiliário que “obriga o estudante a fazer uma inclinação muito grande para poder escrever”. Outra dica é a escolha do tamanho apropriado para cada idade, especialmente para as crianças pequenas. “Cadeira alta e pés balançando prejudicam a circulação”, observa. Por fim, a fisioterapeuta sugere a utilização de móveis com cantos sextavados, “como medida de segurança”. O objetivo é assegurar conforto e cuidados com a saúde, “mas ainda observo muitas escolas desatentas a esta questão”, ressalva Vanina. No Colégio Dante, “a qualidade ergonômica foi o principal critério utilizado na troca do mobiliário”, afirma Marcio Usmari.
Entretanto, a inovação tecnológica e a introdução de novas dinâmicas de aula estão colocando novas demandas para as salas, com atividades desenvolvidas em grupo e enriquecidas com o auxílio de notebooks, desktops, lousas digitais e demais recursos interativos. No Dante, por exemplo, as mudanças atingem as salas do Ensino Médio também na troca das mesas dos professores, agora dotadas de uma plataforma técnica com instalações prontas para receber o notebook. Já as classes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental estão equipadas com lousa digital e o projeto é instalar o equipamento nas demais salas (do 6º ao 9º ano) até o final do ano, revela Marcio Usmari.
Na verdade, o especialista e consultor Cassiano Zeferino de Carvalho Neto, que desenvolveu o conceito de “sala inteligente”, aponta que a tendência é que neste espaço sejam agregados a biblioteca, a informática, o laboratório de ciências e a sala de vídeo e multimeios, numa verdadeira “ciberarquitetura”. “Com a inclusão de quadro digital e outros recursos de acesso e gestão da informação, como a biblioteca on line, ficam potencialmente atendidas as demandas de trabalho em equipe, educação pela pesquisa, cooperação local e remota”, entre outros.
Neste caso, os cuidados com o mobiliário deverão incluir o uso de cadeiras sem rodízios para estudantes entre 6 e 11 anos (“é contraproducente o excesso de mobilidade nessa faixa etária”), a fixação das estações inteligentes (dos equipamentos) e o controle da luminosidade através de dimers. Este conceito vem sendo aplicado hoje pelo Instituto Unibanco Itaú no Projeto Jovem Cientista, em parceria com a WorldFund, e no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).