O processo de aprendizagem é um trajeto sociocultural que acompanha a constituição de cada aluno e aluno de maneira integral e intrínseca. Na rotina escolar – e através dela – há um convite diário de exploração, conhecimento, interação, além de entrecruzar saberes, disciplinas e possibilidades físicas, psíquicas e pedagógicas.
Cada instituição, seja ela especializada em educação básica, fundamental ou ensino médio, instaura e organiza horas extensas destinadas às várias disciplinas. E, ao longo desse percurso, é necessário reservar um período para o relaxamento do corpo, para o entrosamento e, também, para o momento “aprender brincando”.
A arte da brincadeira não é efêmera, mas sim uma posição consolidada com sinônimos significativos e sensações proveitosas de forma coletiva. O movimento externo, livre e descomplicado, é um ato saudável, que aparece em brincadeiras e gincanas criativas, integração com os colegas de classe, eleva a experimentação, aguça a curiosidade e estabelece um momento divertido em grande intensidade.
Incluir um espaço de extrema sinergia entre o aprendizado e a diversão é uma forma de alimentar uma produção ímpar, além de aflorar a sensibilidade, os mecanismos sociais e as descobertas interiores de caráter valioso, principalmente quando utilizado de maneira adequada na educação infantil. Observando os aspectos positivos que os brinquedos instalados nas escolas – tanto externo como indoor – podem proporcionar, é preciso ressaltar a importância da segurança nos momentos de lazer.
Os playgrounds, confeccionados em alguns materiais (ferro/aço, madeira e plástico), variam de acordo com faixa etária, tamanho e cores. Os modelos encontrados no mercado podem variar em modulados, escorregadores, casinhas, gangorras, balanço, trapézios e uma lista gigantesca de brinquedos. Além dos modelos específicos, outras características devem ser observadas pelos gestores escolares antes de adquirir/instalar um playground no espaço escolar.
PLANEJANDO O ESPAÇO
“As principais dicas para inserir um playground: ter um espaço aberto, sem guias e muros. Caso tenha colunas ou algo que tenha quinas deve ser protegida para evitar acidentes. O piso deve ter uma boa absolvição de impacto, deve ser o piso emborrachado, caixa de areia ou até mesmo o terreno com grama”, indicam Humberto Pereira de Sousa e Danilo P. da Silva, responsáveis por uma empresa especializada na fabricação e manutenção de playgrounds.
Garantir que a empresa contratada para a instalação do playground seja de confiança, que cumpra o que foi acordado, trabalhe dentro das normas da ABNT, que mantenha os espaços de saídas e entradas do playground livres para melhor acesso, assegurando a funcionalidade do playground, além de fornecer o laudo técnico de um engenheiro, são dicas complementares mencionadas por Humberto e Danilo.
De acordo com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), a norma NBR 16071-1:2012, define os termos utilizados para playgrounds e aplica-se aos equipamentos para uso em escolas, creches, áreas de lazer públicas (praças, parques e áreas verdes), restaurantes, buffets infantis, shopping centers, condomínios, hotéis e outros espaços coletivos similares: balanços, escorregadores, gangorras, carrosséis, paredes de escalada, playgrounds, plataformas multifuncionais, “brinquedão” (kid play) e redes espaciais.
Dentre os destaques da norma regulamentada pela ABNT, a área de circulação ao redor do parquinho deve ter, no mínimo, 1,5 metros; parafusos e roscas salientes devem ter acabamentos de proteção; o playground deve ser dividido em áreas, conforme faixa etária das crianças; os cantos dos brinquedos devem ser arredondados; parquinhos de madeira devem ter acabamento liso, livre de lascas ou farpas; é necessário instalar barreiras de segurança ao redor dos brinquedos, para desencorajar as crianças a correr dentro da área do trajeto dos balanços.
Além da ABNT, contam Humberto e Danilo, é possível solicitar a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), uma aprovação de projeto realizada após uma análise técnica de um engenheiro civil ou bombeiro.
Segundo a advogada Viviana Callegari, existe um projeto de Lei da Câmara dos Deputados que dispõe sobre normas de segurança e de manutenção em brinquedos dos parques infantis localizados em áreas de uso coletivo e em estabelecimentos de educação infantil e de ensino fundamental. “Tal projeto está em trâmite no senado. Caso seja sancionado, as observações das normas de segurança da ABNT serão obrigatórias”.
DIVERSÃO E BEM-ESTAR
Atualmente, sobretudo no mercado de brinquedos, percebemos uma expansão de projetos que intercalam espaços lúdicos com desenvolvimento pedagógico e físico para as crianças, como a API – Academia da Primeira Idade. Os brinquedos desenvolvidos sob o prisma da API possuem alguns fatores, como interação social com outras crianças, prática de exercícios físicos e a capacidade de vencer obstáculos.
“Muitos dos brinquedos, embora tendo suas funções baseadas nos brinquedos convencionais, oferecem alguns diferenciais. Por exemplo, na Gangorra Cruzada a criança brinca com outra que está sentada diagonalmente oposta a ela, e não exatamente em frente”, comenta Hugo Carlone, coordenador de marketing de uma empresa que trabalha no projeto de academia ao ar livre.
No que tange a utilização e, principalmente, o desejo em inserir esses playgrounds nas escolas, Hugo dispara dois questionamentos sobre segurança e benefício do equipamento. “São equipamentos fabricados dentro da Norma ABNT NBR 16071? São duráveis e feitos com peças de qualidade, que não se soltam? Ele realmente é estimulante para elas? As desafia e proporciona oportunidades de interação e de vencer desafios? Estes são pontos mais subjetivos e a resposta para eles podem estar em detalhes como o design do brinquedo”.
Dessa forma, estreitar os laços existentes entre o entretenimento e a segurança reforçam características singulares para a implantação e manutenção de qualquer brinquedo na escola. Mesmo que, até o momento, não exista certificação obrigatória para a inclusão dos equipamentos, o amparo à norma ABNT é indispensável, garantindo segurança total aos alunos.
A partir do momento que existe a norma, diz Hugo, ela passa a ser obrigatória e deve ser adotada por todos os fabricantes. “O que na verdade é opcional é a certificação desta norma, que ainda é voluntária e não compulsória (obrigatória). As certificações é que atestam que determinado produto está de acordo com a norma. Se há a norma, os produtos devem ser fabricados de acordo com ela. O que é opcional é obter a certificação para esta norma em questão”, conclui. (RP)
Saiba mais:
Hugo Carlone – marketing@zioberbrasil.com.br
Humberto Pereira de Sousa e Danilo P. da Silva – danilo@maplay.com.br
Viviana Callegari – emanuelle.oliveira@gmail.com