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Dica — Acústica

Matéria publicada na edição 59 | Junho/Julho 2010- ver na edição online

Excesso ou falta de ruído prejudicam desempenho em sala de aula.

O barulho que vem de fora incomoda, o ruído interno idem, mas a baixa reverberação do som também causa desconforto e afeta a inteligibilidade da fala de um professor. “Tanto a falta quanto o excesso são prejudiciais, interferindo sobre o interesse do aluno e gerando estresse”, avalia Marcelo Zurawski, músico e compositor, integrante do grupo de espetáculo musical Furunfunfum. Graduado em Musicoterapia, Marcelo é pesquisador em psicoacústica, área que estuda a interação entre o cérebro e os estímulos sonoros, em seus reflexos ambientais, cognitivo, mental e emocional.
Também o arquiteto Nelson Carlos Lauson Dupré, conselheiro da ASBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) e responsável pela restauração da Estação Júlio Prestes e construção da Sala São Paulo, no centro da cidade, observa que a reverberação pode ser prejudicial ao desempenho em sala de aula. “Toda escola deveria ter uma preocupação em relação ao isolamento ou condicionamento acústico”, defende. Entre outros, é recomendado utilizar materiais absorventes para forrar o teto, já que pisos e paredes são mais rígidos, diz.
O músico Marcelo Zurawski chama a atenção dos mantenedores para a diferença entre tratamento e isolamento acústico. Enquanto este é estrutural, impede o som de transpassar as barreiras físicas (paredes, portas e janelas), o tratamento envolve intervenções internas aos ambientes com o intuito de evitar a reverberação excessiva. Ou, em outro extremo, ausência de reflexões, o que também gera desconforto e problemas para o entendimento da fala do professor.
É preciso encontrar o equilíbrio, observa Marcelo. Na sala de aula, deve-se evitar mais o excesso, e para isso basta trabalhar apenas uma superfície (teto ou piso) com material absorvente. Já em uma biblioteca, é indicado aumentar o grau de atenuação, sem que se anule, por outro lado, a reverberação do som, o que também causa estranheza e desconforto. As barreiras formadas pelos livros dispostos nas prateleiras ajudam muito no processo, lembra o músico. “Às vezes não precisa de muita intervenção, caso contrário se cria um ambiente artificial.”
Já nos auditórios, tratamento e isolamento tornam-se indispensáveis, mas “o primeiro tem que ser mais especializado e meticuloso, porque você lida com instrumentos musicais, com a amplificação do som”. E, conforme a localização das caixas, a presença de biombos e cortinas, o tipo de material das poltronas, a qualidade do microfone, entre outros, haverá diferenças na inteligibilidade do som. Segundo Marcelo, aparelhos de baixa qualidade potencializam os problemas acústicos e geram estresse no público.
Na Escola Internacional de Alphaville, edificada no final dos anos 90 na região Oeste da Grande São Paulo, as 18 salas de aula foram construídas com blocos de cimento dotados de câmeras de ar, impedindo a passagem de som, afirma Roberto Chioccarello, mantenedor da instituição. Nas salas multimídia, por sua vez, as paredes são de gesso acantonado com lã de vidro entre as placas, método que também assegura o isolamento. Em setembro do ano passado, a escola inaugurou um teatro, com 200 assentos. Seu projeto conta com os mesmos blocos de cimento, revestimento interno especial (paredes e forro) para evitar a reverberação, além do piso em carpete.

Saiba mais:

Marcelo Zurawski
MarceloZura@gmail.com

Nelson Dupré
Ndupre@duprearquitetura.com.br

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