Matéria publicada na edição 14 | março 2006 – ver na edição online
Tecnologia na prática
É possível introduzir conceitos de tecnologia para alunos de diversas faixas etárias através das aulas de robótica. Há escolas trabalhando com aulas dentro da grade curricular. O Instituto Nossa Senhora do Carmo, de Guaratinguetá (SP), que faz parte da Rede Pitágoras, oferece desde 2005 aulas de Educação Tecnológica. A atividade iniciou para alunos de 5ª e 6ª séries, e este ano foi estendida para a 7ª série, fazendo parte do currículo. Para 2007, o objetivo é levar as aulas também para as 8ª séries. “Há um projeto, em estudo, para as 3ª e 4ª séries do Ensino Fundamental I”, adianta Kátia Maria Averaldo Guimarães, professora de Educação Tecnológica da escola.
Para as aulas, Kátia tem à disposição computadores com software específico, o Robolab, além de uma maleta contendo peças de Lego e, dentre elas, um bloco programável, o RCX. Há também torres de infra-vermelho para a transmissão dos programas via computador. Entre os benefícios gerados pela atividade, a professora cita o desenvolvimento de raciocínio, o trabalho em equipe, coordenação motora e organização espacial e temporal. “Mas, o que eu considero mais importante é a paixão que as crianças desenvolvem pela ciência. Conceitos que antes eram apenas estudados nos livros de ciência, matemática, física e química passam a ser aplicados e identificados no dia-a-dia do estudante”, atesta. Kátia afirma que, para dar aulas de Educação Tecnológica, o professor tem que gostar da ciência, da pesquisa e da descoberta. “Todas as aulas são desafios tanto para os alunos quanto para o professor. Elaboro no mínimo umas cinco perguntas, sempre ligadas a temas científicos, que façam o aluno pensar e querer pesquisar a resposta”, conta.
Outra opção é terceirizar as aulas, como atividade extra-curricular. Isaías Ferreira dos Santos, professor de robótica, pós-graduado em tecnologias da Educação, desenvolve projetos de robótica educacional em escolas. Ele monta todo o esquema das aulas extras para o colégio, desde a apresentação do projeto na reunião de pais, até o recebimento das matrículas, a montagem dos grupos de alunos por faixa etária e dos projetos pedagógicos que serão desenvolvidos durante o ano. “Aproveitamos o encantamento que o aluno tem pela robótica para trabalhar o pedagógico. É diferente de apenas brincar de Lego. São introduzidos conceitos de mecânica e componentes de tecnologia, como motor, energia solar e programação, vias utilizadas para gerar movimento nos projetos”, comenta Isaías.
Há também um incentivo para a verbalização dos projetos pelo aluno. Os trabalhos são feitos em equipe, para desenvolver o senso de participação, e todas as aulas são contextualizadas. “Se iremos montar uma roda gigante movida à energia solar, antes conversamos sobre os diferentes tipos de energia. Uma aula assim a criança não esquece nunca. Eles imaginam e praticam”, resume.