A escola é o espaço físico onde crianças e adolescentes passam grande parte de suas vivências ao longo dos anos escolares. Nessa ideia, tendo a escola como um espaço que agrega múltiplas diferenças, alguns pontos sensíveis podem surgir, principalmente no que tange o cuidado dos estudantes com doenças graves.
Quando algum aluno possui uma doença grave ou está realizando algum tratamento de saúde específico, algumas ações podem ser adotadas em toda a instituição de ensino. Na sala de aula, conta Michelli Miguel de Freitas, psicopedagoga e analista do comportamento, é importante mostrar para as demais crianças quais são as características e as necessidades especiais dessa criança em uma linguagem apropriada, abordando o tema da doença com uma perspectiva lúdica e com leveza.
“Para as crianças faz mais sentido que a gente fale sobre o que significa esse diagnóstico, como isso vai afetar o dia a dia do amigo, como isso vai afetar a convivência dele com os amigos, o que vai ter de diferente de característica desse amigo, do que nomear um diagnóstico”, afirma Freitas.
A psicopedagoga também destaca a importância da presença de profissionais especializados nas escolas – não apenas de psicólogos e de psicopedagogos, mas também de fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e profissionais que trabalham com o desenvolvimento infantil. “Assim, juntos, podemos propiciar um ambiente de profissionais com uma maior compreensão sobre o desenvolvimento infantil”, ressalta.
REFLEXOS NO APRENDIZADO
Francinaldo Gomes, neurocirurgião, afirma que algumas doenças como epilepsia, tumores, hiperatividade, infecções do sistema nervoso central (meningites, encefalites), entre outras, podem interferir diretamente no processo de aprendizado, no raciocínio e na atenção das crianças.
“A criança pode perder a capacidade de julgamento do que é certo ou errado, do que é ou não importante, do que ela deve ou não prestar atenção. Além disso, muitos dos medicamentos usados para o tratamento destas doenças podem causar sonolência, irritabilidade e fadiga, e estes podem reduzir a capacidade de atenção e aprendizado”, explica Gomes.
De acordo com o neurocirurgião, os processos de ressignificação da doença e o bem-estar do aluno na escola, deve ser guiado pela aceitabilidade – tanto da criança quando dos pais. “Utilizar ferramentas que propiciem o desenvolvimento da consciência de que a criança necessita de métodos individualizados de aprendizado por conta de sua doença é essencial”, reforça.
“A participação e, principalmente, o apoio e a aceitação dos familiares são fundamentais para o sucesso da criança. Em termos de confiança, os pais são o alicerce e devem sempre transmitir segurança e tranquilidade para a criança”, conclui Gomes. (RP)
Saiba mais:
Francinaldo Gomes – francinaldogomes2012@hotmail.com
Michelli Miguel de Freitas – michellimiguel@gmail.com