O termo “Educação 4.0” ganha cada vez mais evidência, expondo um novo divisor de águas na curva da evolução do sistema educacional. Mas, como tudo o que é novo, o tema ainda é pouco explorado e, se não estudado, pode ser associado equivocadamente como uma mera resposta à 4ª Revolução Industrial (Indústria 4.0), modismos ou, o que é ainda pior, a opiniões de senso comum.
Educação 4.0 é, antes de tudo, uma Teoria que apresenta princípios e também sugestões para a prática da inovação em gestão e docência ou, simplesmente, INOVAÇÃO NA ESCOLA. Este é o propósito central.
A Teoria da Educação 4.0, identificada por E4,está estruturada sobre quatro referenciais teórico-tecnológicos, considerados pilares dinamicamente interligados, definidos como centros estruturadores do modelo, oferecendo uma visão sistêmica e ampla a respeito dos principais aspectos relacionados como as pessoas aprendem, produzem e aplicam conhecimento.
Mudanças Geracionais: O que está acontecendo?
O contexto atual no que tange às profundas mudanças comportamentais, relacionadas as maneiras como os alunos estudam e aprendem, tem provocado grandes desafios às instituições de ensino da Educação Básica e Superior no Brasil e em todas as partes do mundo.
Pesquisas, estudos e aplicações de novas soluções acadêmicas relacionadas aos modelos de ensino-aprendizagem revelam que, na prática pedagógica ou andragógica, não é mais possível apresentar aulas unicamente em seus formatos tradicionalmente lineares, onde a figura do professor continua sendo o centro único de provimento de informações qualificadas para os estudantes.
Pesquisas revelam que os caminhos empregados pelos alunos, com vistas a construírem conhecimentos que lhes pareçam relevantes, mesmo que sejam percebidos como “obrigatórios” no contexto escolar, são complexos, multifacetados e percorridos pela via de ambientes imersivos contando com mídias digitais e analógicas. A centralidade da sala de aula, com um professor atuando estritamente como informador, não atende mais as necessidades educacionais dos jovens, até mesmo porque a marca cultural da atualidade é constituída pela multiplicidade de canais de comunicação, interação em tempo real e ampla liberdade de escolha quanto a conteúdo de conhecimento e acesso a informação generalista.
Estudos
recentes também revelam mudanças significativas relacionadas a plasticidade
cerebral de jovens imersos na cultural digital – e dela emergente – fato que
explica em boa medida as razões pelas quais os alunos conseguem manter atenção
produtiva durante as aulas por muito menos tempo comparativamente às décadas
passadas. Mas não se trata unicamente desse fato, há outros apontadores
relevantes que evidenciam mudanças dinâmicas sofridas pelos processos de
ensino-aprendizagem nas duas últimas décadas, relacionados as chamadas gerações
Y[1] e Z[2].
Nos artigos que serão publicados nesta coluna,
realizarei um aprofundamento teórico-tecnológico continuado de cada um dos
pilares que sustentam a Educação 4.0, demonstrando como suas interconexões
podem proporcionar referências seguras para a concepção e execução de modelos
educacionais que respondam a demandas gerais e específicas de cada instituição
de ensino no âmbito interno – sem perder de vista o contexto externo social em
que atua e possibilitando as instituições conceberem, gerirem e avaliarem
programas de inovação continuada.
[1] A Geração Y, também chamada geração do milênio ou geração da Internet, é um conceito em Sociologia que se refere, segundo alguns autores, como Don Tapscott (2010), à corte dos nascidos após 1980 e, segundo outros, de meados da década de 1970 até meados da década de 1990, sendo sucedida pela geração Z.
[2] Geração Z (comumente abreviado para Gen Z, também conhecida como ‘iGeneration’, ‘Plurais’ ou ‘Centennials’) é a definição sociológica para definir a geração de pessoas nascidas na década de 1990 até o ano de 2010.