Citando uma passagem do livro Professores de Educação na Universidade de Stanford, de Linda Darling-Hammond e Charles E. Ducommun, “em 1970, quando perguntaram para as 500 empresas de maior êxito no mundo quais eram as três habilidades mais desejadas dos funcionários, a resposta foi leitura, escrita e aritmética. Em 2000, quando a mesma pesquisa foi realizada, as três habilidades foram o trabalho em equipe, facilidade de comunicação interpessoal e de comunicação. No futuro, os alunos irão trabalhar com o conhecimento que ainda não foi inventado, para resolver problemas que mal podemos vislumbrar, usando tecnologias que ainda não existem. Frente a tudo isso, os estudantes precisam desenvolver a capacidade de acessar e utilizar informações e recursos para resolver problemas do mundo real, além de ter a oportunidade de exercitar sua criatividade, dedicar-se à colaboração e aplicar o conhecimento em situações reais”.
Se consideramos que é no ambiente escolar que nossos jovens têm a oportunidade de se desenvolver nos aspectos cognitivo, motor, social e emocional, a escola deveria ser parte indissociável da vida deles e ser vista como meio de acesso a um futuro melhor, pautado no conhecimento que permita participação ativa na sociedade e em um mundo sem barreiras, onde tudo muda constantemente. Essa ausência de barreiras, a eliminação da distância física entre jovens de diferentes instituições, áreas, países e regiões, põe em cena novas formas de sociabilidade, sem excluir e/ou afastar as diferenças e especificidades de cada saber ou realidade. Os limites passam a ser fluidos e há possibilidades de compartilhamento de inúmeras naturezas.
Uma questão essencial é a mudança de postura da escola, que se organize para garantir a aprendizagem de todos de forma comprometida e preservando a instituição, construindo um novo vínculo pedagógico e resgatando o sentido do estudo, mediante uma proposta pedagógica significativa e participativa, que valorize, legitime e partilhe o conhecimento.
Resolver situações de conflito, lidar com frustações, brincar, compartilhar, considerar outros pontos de vista, dentre outras experiências, fazem parte do desenvolvimento das competências socioemocionais, tão importantes para uma vida adulta madura e responsável. Todos os processos de aprendizagem, englobados, levam as pessoas, desde a infância até o fim da vida, a um conhecimento dinâmico do mundo, dos outros e de si mesmas, combinando, de maneira flexível, as competências cognitivas e as socioemocionais.
Nossa capacidade de transformação e adaptação tem de ser urgente. A escola não é uma condição necessária na formação do senso comum, mas desempenha um papel da maior importância na aquisição de certos aspectos dele e na formação das rotinas intelectuais, graças às quais adquirimos a capacidade de interpretar as múltiplas facetas da realidade e de descrevê-las, organizá-las e transformá-las. É papel fundamental do sistema educativo ajudar os jovens a absorver uma série de saberes e competências suficientemente amplas, que lhes permitam, como diz o Livro Verde, do Programa Sociedade da Informação no Brasil (cap. 4, p. 38), “ter uma atuação efetiva na produção de bens e serviços, tomar decisões fundamentadas no conhecimento, operar com fluência os novos meios e ferramentas em seu trabalho, bem como aplicar criativamente as novas mídias, seja em usos simples e rotineiros, seja em aplicações mais sofisticadas”, além de aprender e reaprender durante toda sua vida.
A escola só proverá as demandas da vida humana se também acompanhar o desenvolvimento da ciência e tecnologia, que darão ao jovem a oportunidade de se adaptar e de se atualizar continuamente. Tendemos para uma educação pluridimensional, aprimorada ao longo da existência. Essa meta deve ser perseguida de forma permanente e deve orientar as reformas educativas do ensino contemporâneo. A educação é um todo e deve ser considerada em sua plenitude.
No atual cenário brasileiro, a educação é vista como premissa para o crescimento. Entretanto, o Brasil possui vários desafios na área educacional. Um deles é dar conta do índice de analfabetismo – 8,6% dos brasileiros são analfabetos; outros 20,4% são considerados analfabetos funcionais, ou seja, não compreendem o que leem – é o que revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice é considerado alto levando-se em conta que no sistema educacional brasileiro há aproximadamente 51 milhões de alunos na educação básica, do Ensino Infantil ao Ensino Médio, somando escolas públicas e privadas (Censo Escolar 2010, IBGE). Outro desafio é valorizar e incentivar projetos inovadores e promissores, que levarão o País a uma condição de desenvolvimento econômico e social sustentável.
Superados esses desafios, o Brasil tem tudo para ter uma educação de qualidade e, consequentemente, alcançar mais altos níveis de desenvolvimento.
Mais informações: www.vitalbrazilsp.com.br
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