Escolas que se dedicam a buscar melhores práticas pedagógicas será nossa reflexão neste artigo, sempre pensando em como as transformações tecnológicas tem impactado o processo de aprendizagem e vem influenciando várias mudanças na sala de aula.
Comentei em outro artigo que nosso modelo atual ainda foca na instrução, assim o aluno é um acumulador de informação (que serão reproduzidas em alguma avaliação), mas será que ele aprende? Temos um currículo básico que deve ser seguido, mas o estudante está aprendendo? ele consegue absorver os conteúdos sem “colar” ou dar um “jeitinho”?
Vamos considerar alguns pontos, as escolas do século XX utilizavam basicamente a lousa e o livro didático, já no século XXI chegamos a uma realidade diferente onde encontramos uma heterogeneidade nas práticas de ensino, enquanto muitas escolas avançaram em seus processos de aprendizagem outras ainda estão no século passado.
O que isso significa? Temos hoje uma cultura de tecnologia, o aluno já se apropriou de novos conhecimentos de produtos digitais, ele utiliza a Internet, jogos, redes sociais, etc., enfim, ele nasceu já dentro deste contexto, ou seja, é nativo digital. As instituições que entenderam esta realidade e incorporaram essa cultura dentro das salas de aula ganharam a atenção e a motivação desses estudantes, melhorando a sua performance no seu dia a dia.
Encontramos boas práticas pedagógicas que são colocadas em ação pelos educadores, vou dar um exemplo da aquisição da leitura, o aluno do ensino fundamental (6 anos) tem a sua disposição 900 livros didáticos (formato digital apropriados a sua idade e escolaridade) e a mãe ou pai que acompanha seu filho podem incentivá-lo na prática da leitura, a criança dispõe de uma plataforma interativa que vai auxiliar na melhoria de suas habilidades, isto acontece fora da sala de aula, para a criança é tão interessante quanto um jogo. Considerando que a tecnologia é uma mediadora (o professor deve escolher os melhores produtos digitais), nem é preciso se preocupar com lição de casa porque o aluno aprende de forma lúdica.
Temos hoje uma infinidade de recursos à disposição dos mestres, mas é preciso avaliar os melhores e acompanhar os resultados, o professor deve pesquisar conteúdos novos e experimentar, lembrando que ele não precisa ser um especialista mas estar aberto a utilização das novas tecnologias, deve se permitir entender essa cultura, trocar experiências com outros colegas, é preciso inovar. Os professores são os principais atores que estão despertando este movimento que impulsiona a educação do século XXI.
Seguindo este raciocínio estamos olhando para o futuro, mas aí começam as resistências (isto é natural que aconteça), minha escola não tem infraestrutura, não temos materiais e equipamentos, nossos professores terão que pesquisar, isto é muito difícil….
Gostaria de comentar o trabalho de Andria Zafirakou, Professora da Alperton Community School, em Brent (norte de Londres), seu trabalho mudou a realidade de uma região que lidera os índices de assassinatos em toda a Inglaterra, o que lhe permitiu ganhar o Global Teacher Prize de 2018, espécie de Prêmio Nobel da Educação.
A Escola em que lecionava contava com presença maciça de imigrantes, a educadora entendeu que era preciso aprender conceitos básicos de 35 idiomas diferentes para conversar com cada um de seus alunos e adaptar o currículo escolar a essas culturas.
Andria comenta em uma entrevista que “Os alunos da minha escola vêm de algumas das famílias mais pobres da Inglaterra, muitos deles estão expostos à violência das gangues e vivem em casas compartilhadas por diversas famílias. A maioria das crianças chega à escola com conhecimentos limitados do idioma e se sentem isoladas. Ouvimos suas solicitações sobre como preferem aprender, também criamos um calendário flexível para as crianças que atendesse suas necessidades de aprendizado.”
Ela entendeu que eles possuíam baixa autoestima e conseguiu reunir os educadores para juntos trabalhar esta realidade. Iniciou as atividades se certificando de introduzir assuntos e temas que estivessem relacionados aos alunos. Por exemplo, trazendo artes e elementos da cultura deles (islâmica, africana, asiática e tantas outras) para a classe e ajudando-os a se interessar pela arte permitindo que explorassem temas atuais. O exemplo de Andria Zafirakou nos mostra os grandes desafios no processo de aprendizagem que ela teve que superar.
Hoje temos outros desafios, mas podemos olhar para fora de nossa realidade, que boas práticas podemos vivenciar, os obstáculos a serem superados, como é importante nossa atitude ser positiva. A educação é um processo amplo que convida educadores, pais e profissionais a refletir sobre que cidadãos iremos formar.