Ícone do site Revista Direcional Escolas

Embarques e Desembarques

É dessa forma que venho trabalhando no artigo deste mês. Entre embarques e desembarques, escrevo aqui, observo ali, me emociono com cada palavra, com cada gesto. Entre idas e vindas, comprovo que o movimento rumo a CAUSA está acontecendo, ele nos afeta diariamente, seja positivamente ou negativamente. Embarcar tem dessas coisas, os familiares ficam distantes, a saudade aumenta e o coração aquece.

Fiquei me perguntando, nestes dias fora de casa se, envelhecer é isso? Emocionar-se com cada gesto de carinho, com cada criança que aprende a ler, com cada adolescente que conquista o primeiro amor… será? Se for, intuo que já estou amadurecendo, porém, não ficando velha, já que sinto todas as emoções de alguém que está descobrindo o mundo. É assim que me sinto a cada conferência que faço, além de me sentir mais nova, sinto que ainda falta muito.

Que presente a vida me deu – e me dá -, entre idas e vindas, acompanho vários embarques de pessoas queridas que comungam comigo de um mesmo sonho. O sonho de uma nação que tenha como CAUSA: A educação das novas gerações. Ser educador é isso, é sonhar e realizar, é fazer a diferença em cada aula, em cada intervenção, é chegar ao final do dia e rever sua ação, é dizer para si mesma: hoje fiz o meu melhor.

Causa, como princípio é isso, é saber para onde se quer ir, é orientador, é direção. Princípios inegociáveis! Quando encontro educadores que sabem da sua causa, encontro profissionais e não amadores! É isso que venho colhendo e convidando a cada um de vocês que me acompanham. Façam diferente, assumam sua causa, independente da situação precária pela qual passa a educação brasileira. Estar educador não é apenas um bico para tempos difíceis. Educar é um projeto de nação, ele (deve) acontecer independentemente de posições políticas e ideologias partidárias, educar é uma CAUSA e, portanto, é inegociável.

Educar é processo, é laço, é humano, é sentido, é fazer ressoar a palavra e até mesmo os silêncios de cada sujeito envolvido nesse ATO EDUCATIVO, independente da raça, do gênero, da sexualidade, da deficiência, educar é uma ação humana. Lembrem-se: não nascemos humanos, nos tornamos humanos na interação com o outro humano.

Então, pensemos…

Entre embarques e desembarques, eu conheço professores, crianças, pais, comerciantes que me fazem marejar os olhos, que me inspiram a seguir, que me reatualizam em cada olhar, em cada estudo, em cada desafio desse ato tão visceral! É assim que nos tornamos educadores, é da simplicidade ao requinte, do simples ao complexo, da teoria a prática, do olhar atento e uma escuta com cuidados. É nesse nó que conseguiremos encontrar o nosso currículo, o aluno (a), é assim que poderemos falar de uma educação de embarques e poucos desembarques.

É assim que quero celebrar minha coluna neste mês, todos envolvidos em uma causa maior: mobilizar crianças e jovens para o sentido de embarcar nessa grande viagem de construção do SABER.

É assim, leve, o momento é de descomplicar, de esvaziar e, principalmente, de despachar todo volume extra, que não nos servirá de nada para essa viagem. Aproveitemos o início de semestre, mais leves e inacabados. Educar é um convite para poucos, seja um deles.

Lembrete: seja SINGULAR, criativo e afetivo. Nesse tripé qualquer educação acontecerá.

Jane Patricia Haddad é pedagoga, com especialização em Psicopedagogia, Docência do Ensino Superior e Psicanálise. Atuou por mais de 20 anos em escolas como professora, coordenadora pedagógica e diretora, é consultora institucional e conferencista. Autora dos livros: “Educação e Psicanálise: Vazio existencial” e “O Que Quer a Escola: Novos Olhares resultam em Outras Práticas”, ambos publicados pela editora Wak, do Rio de Janeiro. Atualmente cursa o Mestrado em Educação na Universidade Tuiuti no Paraná , onde seu tema de pesquisa é a Indisciplina Escolar.

Mais informações: janepati@terra.com.br

Sair da versão mobile