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Escolas táxi ou Escolas Uber: tradição ou inovação, o que fazer?

Todos devem se lembrar bem, de como era difícil, encontrar um táxi, em uma rua ou avenida em dias de chuvas. Devem recordar-se também, da postura de grande parte dos motoristas que monopolizavam o mercado e por essa razão, escolhiam seus passageiros pela rota que fariam e pela sua aparência. Seu comportamento era notadamente acomodado, pois, em sua zona de conforto, controlavam a demanda e de acordo com a procura, definiam sua oferta a partir de seus caprichos e desejos, subjetivos.

Nos últimos anos a metodologia do Uber e dos emergentes aplicativos, entraram no cenário dos serviços de translado de passageiros, com refinamento inesperado, mas desejado, aliado de cortesias como água mineral, balas, jornais ou revistas, além de atendimento elegantemente diferenciado que empodera o cliente pela curadoria que une humanização, baixo custo e aplicabilidade tecnológica.

Existem gestores de escolas que se assemelham aos tradicionais motoristas de táxi que se sentiam hegemônicos no mercado e, portanto, gerenciam a comunidade educativa de maneira acomodada pela rotina. Esse comportamento leva as instituições ao colapso, afinal, as tendências inovadoras mudam a cada hora os clichês que cerceavam o avanço das transformações:  essas são metaforicamente as “escolas táxis”.

Outra modelagem empreendedora de escola é aquela caracterizada pela versatilidade e flexibilidade na leitura dos resultados, sempre buscando ajustes e criatividade para atender, entender e corresponder aos apelos de seus clientes (estudantes e suas famílias), ficando atenta aos movimentos tecnológicos para inovar e criar soluções otimizadas. O foco é entregar com refinamento, cortesia, empoderamento, humanização e, arcabouço de cultura maker, um serviço de excelência aos destinatários do serviço: “escolas Uber”, conforme a proposta de analogia.

A “metodologia Uber”, inegavelmente, “mexeu” com o comportamento, empregabilidade empreendedora e cultura da gentileza. Essa “mexida” obrigou os segmentos envolvidos, a buscarem mudanças, seja para resistir, seja para repensar práticas e resistências. Trata-se da “Estratégia do Oceano Azul” (livro de W. Chan Kim e Renée Mauborgne) que exige educação corporativa, colaborativa e visão sistêmica de 360 graus. Evidentemente é a era do “faça você mesmo” que convida a todos ao protagonismo,  engajamento e ao envolvimento  com as metodologias ativas.

A rigor, a “metodologia táxi”, faz com que, as escolas retardatárias, fiquem paradas nos pontos esperando o passageiro da maçaneta (que vai ao local apanhar o táxi) ou esperam a ligação que irá solicitar seus serviços. Muitas vezes, essa ligação é atendida por alguém que pede para aguardar, colocando o cliente (estudante ou sua família) para ouvir uma secretária eletrônica que ressalta os pontos positivos da instituição, com auto-elogios intermináveis ou o convite para discar opções para serem atendidas. Essas escolas esqueceram que tempo é tudo, nessa “era da correria”, dando uma lição de anacronismo, falta de visão e agilidade.

Algumas escolas estão buscando a transição de paradigmas de táxi para Uber e vivem paradoxos, contudo, investem em: análises de conjuntura, formação continuada “in company” para toda a comunidade educativa (da zeladoria a diretoria), ensino híbrido, pesquisas de clima organizacional, aprendizagem colaborativa e significativa com os resultados aferidos e, finalmente reestruturação curricular. Otimizar tempo pedagógico é a meta dessas instituições que tem gestores proativos sempre buscadores por implementar rapidez, excelência e leitura constante de indicadores da comunidade presencialmente e, através da comunidade on-line, afinal, educação é movimento.

Investigar novas formas de gerir a sala de aula é o que se espera de escolas e gestores do século XXI. O modelo “táxi”  é vertical e deve dar, gradativamente, espaço para o modelo “Uber”, horizontal. No primeiro modelo, o taxista (seja gestor ou professor), concebe o caminho de acordo com sua intuição do trânsito conseguido com memorização e repetição, sem uma ação efetiva do passageiro (aluno). Já no modelo “Uber” a gestão é horizontal e propicia conhecimento prévio do percurso, permitindo quantificar, diminuir e qualificar o tempo, já com previsão da duração da viagem, visualizando o percurso e fazendo, se necessário, rearranjos. Ambos aprendem a cada translado, pois, almejam resultados comuns e, avaliam a experiência, compartilhando informações e notas, sobre a experiência realizada.

O caminho da educação a curto, médio e longo prazo, necessita ser planejado e (re) planejado, de acordo com a avaliação dos indicadores e dados da ambiência escolar: clima organizacional, grau de satisfação, qualidade do material didático, design, interação, ludicidade, funcionalidade e desenvolvimento de competências e habilidades.

A metodologia das “escolas Uber”, prima pela interatividade, estudo dos valores, domínios das linguagens, análise das competências socioemocionais, inserção no universo tecnológico, busca de praticidade, design intuitivo e instrucional de maneira clara, coesa e coerente. Tudo em convergência com a cultura digital que chegou para ficar e se expandir.

E sua escola? Como está? E sua prática como gestor-educador? Você esta se deslocando via táxi ou via Uber? Qual a sua metodologia? Vamos viver esse momento de transculturalidade? Afinal, como diria Sócrates: “quando me dei todas as respostas, surgiram novas perguntas”. Devemos ter a humildade do “sei que nada sei” e reaprender. Toda ação é filha da reflexão. Vamos que vamos!

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