Matéria publicada na edição 100| Agosto 2014 – ver na edição online
Desenvolvimento pessoal e social, incentivo, afeto, segurança física e emocional, experiências e descobertas. A participação dos pais na vida escolar dos filhos é fundamental para que estes se sintam apoiados, reconhecidos e motivados em relação à aprendizagem e vivências na escola.
A instituição escolar, representada por diversos sistemas, rotinas e didáticas, abrem, diariamente, a porta do conhecimento a seus alunos. Um universo lúdico, repleto de descobertas, experiências, vivências e até fantasias, refletem no desenvolvimento e aprendizagem com expectativas positivas a ponto de alcançar o sucesso educacional – e pessoal.
A família, por outro lado, é a representação mais poderosa na influência e desenvolvimento da personalidade e formação de consciência da criança. A base extremamente estabelecida no âmbito familiar provoca uma sensação prazerosa às crianças, que encontram um espaço natural para seu desenvolvimento, cultivo de valores humanos, solidificação da responsabilidade e uma segurança inigualável. O papel da família modificou-se ao longo dos anos. A convivência e o diálogo familiar são questões primordiais, construindo, assim, filhos (e alunos) com uma base sólida.
Estabelecer um vínculo entre os pais e a vivência escolar de seus filhos não é tarefa fácil. Mas esse elo consegue suprir necessidades físicas, psíquicas e sociais, que as crianças tanto necessitam. Além do ensino nas salas de aula, os deveres de casa e as brincadeiras, a criança precisa de afeto, incentivo e elogios.
Um dos papeis da escola é estabelecer parâmetros para a criança crescer como ser humano, ser protagonista de sua própria história, envolver a família no ensino-aprendizagem e resgatar a dimensão ética do conhecimento. A presença de um adulto familiar garante a criança uma segurança física e emocional, que a levam a explorar o ambiente e consequentemente aprender mais. A interação humana envolve também a afetividade, a emoção como elemento básico e motivador. E, através dessa interação, a criança reforça seu aprendizado e deixa de lado qualquer limitação que possa existir.
A Escola Santi, localizada na região sul de São Paulo, acredita que a relação entre pais e escola deve ser cuidada durante todo o tempo em que as crianças estão na escola – do início ao fim, da infância à adolescência, com especificidades relacionadas a cada faixa etária. “Na Escola Santi, acreditamos que essa relação deve ser estreita desde o início e cultivada ao longo dos anos. É claro que quando pequeninas, durante a fase de adaptação à escola, o contato é mais intenso e necessário, uma vez que as crianças estão deixando o lar e aprendendo a conviver em outro ambiente, e é essencial que se sintam seguras para isso”, relata Adriana Cury, diretora geral do colégio. E, para minimizar qualquer choque que possa existir nesse primeiro contato, no período de adaptação, os pais permanecem um tempo maior na escola acompanhando esta transição com a equipe de profissionais do colégio.
Para aproximar cada vez mais os pais da vivência escolar de seus filhos, a Escola Santi desenvolve um projeto com o objetivo de promover a oralidade e ampliar o repertório de cantigas e canções das crianças de dois anos. “Inserimos uma etapa com a participação dos pais, com o intuito de aproximá-los do cotidiano escolar dos filhos, mostrar o trabalho da escola de perto e ao mesmo tempo incentivar que valorizarem a aprendizagem das crianças, como é o caso desse projeto, em que os pais vêm cantar junto com seus filhos”, afirma Adriana.
Intitulado “Cantigas e Canções”, esse projeto existe há mais de cinco anos e desenvolve a linguagem oral, trabalhada com os movimentos e ritmo, além de ampliar o conhecimento de cantigas que fazem parte da tradição cultural brasileira. Segundo a diretora, conforme os alunos vão crescendo, o colégio trabalha com contos, parlendas, poesia, receita, notícia, resenha, lenda, e diversos outros gêneros, inserindo os conhecimentos da linguagem oral e escrita, incluindo ortografia e gramática, no caso dos maiores.
Adriana ressalta a experiência positiva que esse projeto contribui para os alunos. “As crianças gostam muito, sentem-se orgulhosas e importantes ao verem os pais no seu espaço, reforça a parceria entre a família e a escola, proporcionando mais segurança e alegria, o que é fundamental para a aprendizagem”.
Promover a integração da família na escola é uma alternativa para embarcar no período de maior descobrimento e experimentação na vida do aluno. O ideal é que essa relação fortaleça ao longo dos anos, cultivando transformações sociais e culturais, aproveitamento completo do rendimento escolar e desenvolvimento significativo de atributos individuais.
PAIS, ALUNOS E RESPONSABILIDADE SOCIAL
Fundado há 65 anos pela Congregação das Irmãs da Santa Cruz, o Colégio Santa Maria, localizado no Jardim Marajoara, região sul de São Paulo, possui uma trajetória acadêmica pautada em um modelo de educação humanizada.
Com a proposta de educar o aluno para conhecer e vivenciar a realidade do outro, seja em instituições de pessoas com portadoras de deficiências, creches, núcleos socioeducativos e até em hospitais, o Colégio Santa Maria tem a responsabilidade social como identidade, desenvolvendo inúmeros projetos voluntários e formando estudantes cidadãos e comprometidos com as mudanças sociais. As famílias também são convidadas a participar ativamente dessa tarefa, confiando na proposta e no trabalho dos educadores do colégio.
Com quatro anos e meio de existência, o projeto “Conte Comigo”, nasceu “a partir da motivação do grupo para o acolhimento, solidariedade e mobilização para construção de uma sociedade transformadora, em parceria com o projeto e ação educacional promovida pelos princípios do Colégio Santa Maria”, afirma Marcia Almirall, orientadora do colégio.
O projeto, que acontece em parceria com a Pastoral da Criança, possui, em média, a participação de 28 alunos (do ensino fundamental) e cinco mães. Esse projeto é constituído por encontros desses alunos em creches de comunidades, que são escolhidas levando-se em conta o histórico de vivências, as necessidades do local, o pertencimento da escola e do local como uma mesma comunidade e os objetivos comuns.
“Os alunos preparam atividades educacionais, como incentivo aos hábitos de saúde por meio de jogos, contam histórias, realizam oficinas de construção de brinquedos com material reutilizável, etc.”, relata Marcia. As mães do participam do projeto em duas frentes. Segundo a orientadora, sempre há uma palestra preparada pelas mães do colégio e oferecida às mães da comunidade enfatizando temas relacionados à saúde, nutrição, violência, consumismo, educação ambiental, cuidado com os filhos, entre outros. Depois das palestras há uma parceria das mães para ensinar trabalhos manuais que poderão servir como uma nova fonte de renda para às famílias da comunidade.
O contato com ações e projetos sociais aparece desde a educação infantil no Colégio Santa Maria. A relação com o trabalho voluntário torna-se natural e essencial. “Sem dúvida alguma a experiência desse projeto e de outros, realizados na esfera escolar, motivam a reflexão e efetivam uma aprendizagem importante. A participação dos pais em projetos sociais desenvolvidos no colégio, junto aos seus filhos, estreita a parceria entre as famílias e a escola em busca de uma formação integral dos alunos”, finaliza.