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Geração Beta: um novo desafio para a Gestão Escolar ou um estímulo para a inovação da Educação?

Antes que sua equipe seja arrastada pelos incêndios a serem apagados a cada minuto dentro da escola, convidamos você a fazer uma pequena pausa para refletir sobre a origem dos desafios que a escola enfrenta hoje. Se quisermos um ano letivo diferente, com melhores resultados na saúde mental da equipe e no desempenho dos alunos, precisamos entender o que nos trouxe até este ponto.

Ao invés de focar em eventos que marcaram época para definir cada geração, em Generations, ainda sem tradução para o português, Jean Twenge “argumenta que o mais forte impulsionador da mudança geracional é a tecnologia, desde dispositivos que economizam trabalho até avanços médicos e smartphones.” E no cruzamento de pesquisas em parceria com Jonathan Haidt, apresenta 282 gráficos que sustentam a tese de que mudanças na tecnologia também levam a efeitos posteriores, como crianças e adolescentes levando mais tempo para se tornarem independentes, jovens adultos demorando mais para se estabelecerem e idosos vivendo plenamente por muito mais tempo. Junto com essas mudanças, a constatação de uma característica marcante da sociedade atual: o individualismo – mais foco em si e menor preocupação com o coletivo, gerando maior tendência a “mais liberdade e igualdade, mas também mais desconexão”.

Nesse cenário, iniciamos um novo ano letivo: dando boas-vindas a uma nova geração, a primeira a nascer em pleno funcionamento da Inteligência Artificial. A geração Beta, porém, ainda não trará novas demandas para a escola neste momento. São os nativos das gerações Z e Alpha nosso principal foco. E mais os seus responsáveis e nossos colaboradores das gerações X, Millenial. Calma, que não são “somente” essas gerações que impactam o dia a dia da gestão escolar. As novas contratações vão nos trazer os entrantes no mercado de trabalho, da geração Z. Só isso? Não. Precisamos trabalhar de acordo com normas, procedimentos e legislação criada por BabyBoomers e seus antecessores.

Eis uma pitada do porquê o desafio da gestão escolar é para os fortes. É dentro desse contexto que começamos o ano letivo de 2025 em meio a mudanças que têm tirado o sono de pais e adultos responsáveis, deixado os estudantes inseguros e os professores preocupados: a restrição do uso de celular dentro da escola.

A lei 15.100/25, sancionada no dia 13 de janeiro, “busca equilibrar o uso de tecnologias digitais na educação”, segundo divulgou o Ministério da Educação. Embora a implementação da lei tenha trazido muitos desafios a serem resolvidos pelas próprias escolas, como a questão do armazenamento dos celulares, ou a consequência para aqueles que descumprirem a nova regra, os resultados têm se mostrado positivos em diversos países, em relação à restrição do acesso ao celular por parte dos estudantes.

Considerando a afirmação de Jean Twenge, de que a evolução da tecnologia foi, e continua a ser, o mecanismo que culmina com uma sociedade cada vez mais individualista, a saída do celular de cena dentro da escola deve pavimentar o caminho para posturas mais voltadas ao coletivo na relação com a escola.

Precisamos lembrar, contudo, que a transição para um modelo de sociedade mais coletivista não depende apenas das medidas adotadas pela escola, mas também do envolvimento da família nesse processo. O reconhecimento das dificuldades individuais de cada aluno é essencial para criar um ambiente em que todos possam prosperar. As famílias, ao compreenderem a importância da colaboração e do respeito às normas coletivas, podem ajudar a fortalecer o compromisso dos alunos com a escola, tornando o ambiente mais harmonioso e produtivo. Ganha a família, ganha o aluno, ganha a escola. E vence a sociedade.

Nosso desafio: não basta restringir o uso de celulares na escola. Precisamos garantir acesso à educação midiática, e garantir formação continuada para que os professores possam usar os recursos da Inteligência Artificial para a tão sonhada personalização do ensino. E, sim, cuidar da saúde mental dos educadores e buscar caminhos para envolver as famílias nesse processo.

Estamos com você. Juntos conseguiremos construir dias mais leves dentro da escola, e somos capazes de proporcionar aos alunos as ferramentas necessárias para se tornarem adultos responsáveis, empáticos e conscientes de seu papel na sociedade.

Não importa em qual geração você, ou eu, tenha crescido. Somos todos responsáveis pelo mundo que vamos deixar para a geração Beta.

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