Por Danilo Costa, fundador do Educbank
O cenário econômico brasileiro tem gerado preocupações, principalmente por conta do quadro global de inflação e pelos juros em alta. Soma-se ao contexto a deterioração das condições financeiras, com o aumento do endividamento das famílias.
De acordo com o Mapa da Inadimplência e renegociação de dívidas no Brasil, levantamento da Serasa Experian sobre a relação dos brasileiros com as dívidas, em março, o número de inadimplentes no Brasil cresceu 0,81% em relação a fevereiro, indicando três meses consecutivos de crescimento. Os inadimplentes são, em maioria, brasileiros de 26 a 40 anos.
Adversidades como esta impactam diretamente as instituições de educação básica que passam a ter que lidar com altos índices de inadimplência, evasão escolar, ou até mesmo com o comprometimento da qualidade de ensino dos estudantes. Ou seja, a inadimplência escolar prejudica a gestão financeira, passando por aspectos como a dificuldade em efetivar o planejamento, adiando a definição de metas e o investimento em infraestrutura, despriorizando a organização de eventos acadêmicos, contratação de funcionários, entre outros. A melhor saída para contornar a situação está no olhar dos gestores em criar estratégias para evitá-la ou contorná-la.
Com certeza um dos maiores desafios dos mantenedores escolares é a gestão do fluxo de caixa, considerando que a maior despesa (geralmente) é com a folha de pagamento dos colaboradores. Item fundamental para que a operação da escola continue funcionando com excelência. Importante lembrar que o desempenho financeiro também depende da captação de alunos e rematrículas. E para manter esse fluxo saudável, é preciso pensar em estratégias de retenção de alunos.
Como ex-mantenedor escolar, percebi que a proximidade do quinto dia útil é um ‘sufoco’. Nunca se sabe quantas famílias pagarão em dia. As escolas particulares, para além da responsabilidade pedagógica, precisam honrar as folhas de pagamento. Ou seja, são duas frentes paralelas e cruzadas que precisam estar muito bem equilibradas.
O cenário provocado pela pandemia do novo Coronavírus ainda convidou a sociedade a repensar todas as suas relações, o que incluiu a relação escola-família. A educação, justamente por ser um setor estrutural, foi impactada. Segundo o Censo Escolar, mais de 650 mil crianças de até 5 anos saíram das escolas, entre 2019 e 2021.
Portanto, o que vemos é que a crise financeira está deixando marcas. Para isso, é fundamental identificar e analisar com profundidade os problemas, evitando que novos desdobramentos ocorram. Um planejamento estratégico e registros financeiros atualizados constantemente são essenciais. A organização é a grande chave para que um mantenedor passe por cima das adversidades.
Com os processos bem definidos e a saúde financeira da escola em dia, os gestores conseguem redirecionar sua atenção para as atividades-fim da escola, elevando a qualidade educacional, melhorando a comunicação interna e externa da instituição, motivando suas equipes, investindo em frentes estratégicas e aumentando a sua percepção de valor perante toda a comunidade escolar.
Danilo Costa é ex-mantenedor escolar, advogado formado pela FGV-SP e fundador do Educbank, principal ecossistema financeiro dedicado à educação básica.