*Mauricio Frizzarin
Os dois últimos anos foram particularmente desafiadores para o segmento da Educação. As instituições de ensino que já haviam se adiantado e iniciado um trabalho com plataformas digitais de ensino, mesmo que de maneira pontual, com uma ou outra atividade envolvendo corpo docente, discente e pais – no caso das escolas de Ensino Infantil ao Médio – conseguiram um pouco mais de fôlego no processo de adaptação ao ensino remoto, obrigatório no período mais crítico da pandemia.
Já havia um movimento importante de desenvolvimento de novas tecnologias e de inovação focado no setor educacional. Com a pandemia, porém, esse processo foi amplamente acelerado, a exemplo do que houve com o mundo corporativo.
Na esteira desse desenvolvimento, podemos e devemos abordar a questão da Inteligência Artificial (IA) aplicada à Educação. Há anos venho estudando a IA e as vantagens que ela pode trazer às empresas de diversos setores. Obviamente, trata-se de uma tecnologia extremamente bem-vinda no universo acadêmico e educacional. Suas aplicações podem ser variadas e notoriamente haverá vantagens no processo ensino-aprendizagem.
Pensando no educador, a Inteligência Artificial pode vir a ser uma aliada interessantíssima para uma série de atividades. Torna-se possível, por exemplo, elaborar provas e corrigi-las em poucos minutos, poupando um tempo importante do professor, que normalmente empregaria ao menos três ou quatro horas do seu dia nessas tarefas dependendo do tamanho e da quantidade de turmas para as quais ele ministra aulas. Com a IA, a publicação de notas no portal do aluno pode ser realizada de forma automática, com praticamente nenhuma chance de erro. Outra possibilidade interessante vem com a Inteligência Artificial como aliada do ensino à distância.
Do ponto de vista do estudante, uma plataforma com aplicação de IA certamente seria um importante estimulador do aprendizado. As possibilidades são infinitas. É possível personalizar o ensino criando sistemas com o perfil de cada aluno para entregar uma comunicação mais assertiva a cada um. Pode-se desenvolver plataformas para tirar dúvidas e auxiliar os alunos no momento do estudo, de forma que possam aprofundar o conhecimento a respeito de determinados temas. Outra possibilidade que a IA traz é de identificação das disciplinas em que o aluno tem mais dificuldade e entrega de conteúdos didáticos com diferentes abordagens de um mesmo tema que o levem a compreender o que é tratado.
Claro, também é possível explorar a gamificação e trabalhar em outras ferramentas que automatizem e facilitem ainda mais a vida dos professores e pedagogos, bem como em plataformas que tornem o aprendizado cada vez mais interativo. Pode-se dizer que ainda estamos no início de um processo longo de automatização baseada em sistemas inteligentes, que vão potencializar e revolucionar o setor educativo, estimular a aprendizagem e impactar o futuro positivamente.
*Mauricio Frizzarin é fundador e CEO da Qyon Tecnologia – empresa especializada no desenvolvimento de softwares para gestão empresarial com inteligência artificial, investidora do Genial4 (EdTech com aplicação de IA) – cursou Tecnologia de Software e Marketing, OPM (Owner/President Management) na Harvard Business School, Executive Education em Inteligência Artificial na University of California, Berkeley e em Fintech em Harvard.