Todo ser vivo precisa de um ambiente que lhe dê condições para chegar em seu melhor estado. O clima de uma empresa ou de uma instituição escolar faz toda a diferença no desempenho dos profissionais que lá vivem.
Um dos elementos mais determinantes no bem-estar de uma equipe é a justiça. Isso pois ela nos traz uma percepção importante de coerência entre aquilo que é feito e as consequências. Basta olharmos como crianças pequenas se incomodam quando no meio de uma brincadeira ou jogo mudam-se as regras. Filhos pequenos pedem que seus pais contem a mesma história muitas vezes, pois para o cérebro humano, a previsibilidade, assim como a repetição, geram uma agradável sensação de continuidade e conhecimento, produzindo assim a segurança emocional.
Diante de situações de injustiça, o cérebro tende a secretar mais cortisol e elevar o nível de estresse, preparando-nos para uma situação diante da qual nos sentimos sem controle. O caos, a incerteza, a insegurança e a injustiça diminuem a produção de dopamina, um importante neurotransmissor que gera conexões cerebrais favoráveis ao aprendizado, à tomada de decisões, ao foco e à produtividade das mais diversas tarefas.
Para demonstrar a justiça é preciso, antes de tudo, que um gestor tenha claro quais são as regras do jogo. O que se espera de cada profissional? Qual a relação entre as equipes de trabalho? Quais os sistemas de premiação e quais os modos de orientação diante de condutas inadequadas? De que maneira serão preservados valores humanos no ambiente de trabalho e quais as consequências de ações contrárias ao bom convívio? São questões que parecem simples e básicas, mas que muitas vezes não são claras nem para o gestor, nem para a equipe. E por isso, muitas vezes o “bom senso” torna-se um território perigoso no qual cada um faz aquilo que acha, aquilo que quer ou aquilo que entende ser o melhor naquele momento.
Além da missão, visão e valores de uma organização, é preciso cuidar de construir um senso de pertencimento baseado na premissa de que ninguém é melhor do que a união do todo. Isso não pode ser um mero jogo de palavras. É preciso valorizar ações nas quais um profissional fez o certo, apontou um erro, quando alguém trouxe uma boa sugestão, situações nas quais se agiu dentro da lei, mesmo que isso tenha levado a um custo maior ou a uma margem de lucro menor. Da mesma maneira como os filhos aprendem observando seus pais, os profissionais de uma empresa observam o dia a dia de seus líderes e tendem a repetir o modelo. Isso é humano.
Assim, deixamos uma reflexão: quando você observa nos noticiários, cotidianamente, situações de injustiça em nosso país, o que sente? Dá uma sensação de desânimo, não? Talvez você sinta revolta. Há quem tenha um sentimento de que nem vale a pena lutar mais. Se dentro de sua escola não houver um sentimento claro de justiça, de equidade, de respeito, é bem possível que aos poucos os profissionais que lá trabalham também se sintam assim. Por isso é tão importante pensarmos na marca que deixamos a partir de cada pequeno gesto nosso. De que maneira temos incentivado e praticado a justiça com aqueles com quem convivemos?