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Modelos necessários para a Educação

Cesar Silva (*)

Existem ambientes e oportunidades para projetos educacionais que não demandam grandes recursos financeiros, mas sim propostas estruturadas e planejamento de médio e longo prazo bem. Um exemplo foi o Programa de Financiamento de Projetos voltados a Educação Profissional, mantido por mais de 15 anos por um grupo de instituições: Fundação VITAE (precursora e já extinta), Fundação Lemann, Instituto Unibanco, Instituto ITAÚ-BBA e Fundação FAT.

O programa financiava projetos de gestores de escolas públicas profissionalizantes voltados à melhoria física de instalações, capacitação de professores e aprimoramento metodológico de cursos. Seu grande segredo era segmentar o projeto em fases com até dois anos de duração. As instituições podiam gerir o desenvolvimento dos projetos em etapas menores. Dessa forma, garantiam que cada fase implantada atingisse os resultados pretendidos.

O modelo exigia real comprometimento e garantia de que o projeto representava uma ação fundamental para a instituição, independente da gestão, o que garantia sua continuidade mesmo quando o gestor que o apresentou deixasse a função. Quebrava assim o desejo individual quanto à proposta de financiamento e dava continuidade a uma iniciativa coletiva.

O fato de a proposta que fundamenta projetos educacionais ser essencialmente coletiva e transparente é a chave do sucesso. E é nesta linha que se retoma a discussão de que, na esfera Federal, não há uma proposta estruturada para aprimoramento da oferta e ampliação de acesso para a educação superior e básica, particularmente para a educação de Jovens e Adultos, público que representa 40% da população brasileira e que, em algum momento, não concluiu a sua educação formal na idade correta.

Em entrevista, Lim Chuan Poh, líder da Agência de Ciência e Tecnologia de Singapura, demonstra a mesma expressão que fundamenta todos os projetos de sucesso: vontade política e foco. Esta foi a receita do sucesso, que levou um país com apenas 5 milhões de habitantes à 6ª posição no ranking Global Innovation Index. A posição do Brasil neste ranking é a 69ª. Como é possível pensar em pesquisa e em inovação se falta o básico: a formação adequada da população brasileira. Deixa-se de lado o saber e, principalmente, o saber aplicado. Assim, o Brasil continua a ser produtor de commodities com baixa qualidade e pouca produtividade.

 

(*) Cesar Silva é presidente da Fundação FAT

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