O titulo deste “pensar pedagógico” é bem sugestivo. É importante que saiba, leitor amigo, que há uma grande distância entre aquisição do código escrito e a aquisição da língua escrita. “Qualquer método de alfabetização, independente da perspectiva em que está fundamentado, tem como prioridade a fixação de determinados fonemas trabalhados principalmente através de sílabas e frases, originando as famosas frases “Vovó viu o ovo”, “O dedo do Didi dói” etc. Nessa perspectiva alfabetizadora, o que importa é o traçado das letras e a junção dos signos de forma a gerar sons (fonemas) com sentido do que está apenas escrito, sem nenhuma preocupação com a interpretação do texto. A preocupação é somente, e apenas, que o alfabetizando conheça a escrita ortográfica. Por isso, muitos aprendizes demonstram tantas dificuldades em compreender os signos juntos e o sentido real da junção desses signos.
Em um sentido mais amplo, cabe ressaltar que a aquisição da língua escrita passa por outras vias que não apenas as de habilidades motoras. Como colocou Vygotsky, a escrita tem que ter sentido para as crianças. Por isso mesmo, nós, educadores, entendemos que temos que avançar no processo de alfabetização, dando aos nossos pequenos alunos mais do que a habilidade de juntar e desenhar perfeitamente os signos. Temos que dar a eles, no ato do processo aquisitivo da língua escrita, o verdadeiro sentindo para a leitura e a escrita.
Sabemos que o homem interage com o meio social através da linguagem. Compreender esse fato significa conceber a linguagem como a forma que o homem encontrou para se expressar e para interagir com o mundo a sua volta. Assim, ensinando-o a utilizar a escrita como forma de expressão, quanto melhor se expressar, melhor se fará compreender e melhor estará habilitado a compreender tudo ao seu redor. É isso! Alfabetizar o educando, dando-lhe a verdadeira competência de se expressar e pensar. Dessa forma, mais do que oportunizar aos nossos aprendizes a aquisição do código escrito, estamos comprometidos em oferecer a eles a aquisição de língua escrita, onde se prioriza a relação de dependência existente entre o código e o significado, dando sentido maior ao ato interativo presente na leitura e na escrita.
Ao trazer para o ato de alfabetizar diversas questões conceituais, trabalhando em nossas aulas todos os conteúdos que conferem ao texto objetividade, coesão e coerência, as professoras alfabetizadoras intensificam a produção de texto para a “expressividade linguística” de nossos alunos. Por isso mesmo, o aprendizado da escrita e da leitura não é algo que se conquista de imediato. Exige mais tempo em seu processo.
Assim, entendemos que todo o processo de alfabetização não ocorre apenas no 1º ano, mas estende-se principalmente no 2º e no 3º ano do Ensino Fundamental. Por isso mesmo, necessitamos de calma, para passarmos dessa forma segurança às nossas crianças. Embora estejam construindo textos em todo seu significado, elas ainda terão que aprender muito mais. A nossa língua exige muito conhecimentos. O sistema gráfico da Língua Portuguesa é bastante complexo e, por isso, há muito que aprender.
Por ora, saiba que os primeiros passos já foram dados para que nossas crianças tenham sucesso na aquisição da escrita. Agora, precisamos ir acompanhando, motivando a todos. Ensinar a ler não foi difícil; difícil será mantê-los incentivados na descoberta da leitura. É aí que entra você! Compre livros para seus filhos. Presenteá-los com livros é ensinar-lhes que a leitura é a janela através da qual enxergamos o mundo.
Bibliografia:
Temos em Educação II- Livros dos formandos 2003. Gráfica Publicoc.
Tempo de Alfabetizar… Com textos. (Sandra Bozza).