Vivemos um dia a dia bastante complexo, competitivo, desafiador, exigente e conectado. Nas mais diversas profissões hoje são percebidas as presenças de inteligência artificial e das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação). É inegável o impacto dos aplicativos tais como o Uber e demais sistemas de transporte (Cabify, 99taxis e outros) sobre o mundo dos transportes. O Airbnb vem obrigando muitas empresas do ramo hoteleiro a repensarem seus custos, sua forma de trabalhar e de se comunicar com os clientes. Da mesma forma há sites hoje que têm seus conteúdos desenvolvidos por inteligência artificial. Isso significa que praticamente todos nós temos que trabalhar paralelamente a novos sistemas de interação e tecnologias, ou seja, precisamos ser capazes de nos reinventarmos constantemente se queremos ficar por dentro do mercado de trabalho.
Para Maurício Benvennuti, autor do livro Incansáveis[1], praticamente todos os trabalhos que puderem ser escaláveis, agilizáveis e reinventados pela tecnologia o serão.
Isso não significa necessariamente uma má notícia, uma vez que esta mesma tecnologia abre novas ocupações profissionais para pessoas que criam, usam, mantém, reinventam, vendem e recriam as novas formas de trabalhar. Segundo Moore, um dos fundadores da Intel, que é responsável pelos chips de transmissão de dados de boa parte dos aparelhos tecnológicos do planeta, esta tendência será cada vez mais presente em nossas vidas.
Houve um tempo em que o robozinho de limpeza dos Jetsons era um sonho distante. Hoje já temos aspiradores de pó e muitos outros aparelhos domésticos que trabalham sozinhos. Já é uma realidade em teste caminhões elétricos que são controlados à distância e motivos para isso não faltam. Só para se ter uma ideia, um caminhão normal tem em média mais de 15.000 componentes e com frequência polui bastante. Já um caminhão elétrico tem apenas 15 peças em média, e fabricantes como Tesla e Mercedes estão avançando rapidamente no sentido de automatizar tudo o que for possível. Isso barateia, otimiza custos e facilita o controle de processos.
O outro lado da moeda, porém, é: como competir? Se formos capazes de investir em nossas redes de relacionamento (para formar alianças profissionais consistentes e inteligentes), em nossa capacidade de nos comunicarmos (uns com os outros e com o nosso mercado) e soubermos criar ou usar a tecnologia, temos pela frente um mundo desafiador e interessante. Hoje, sites como www.fiverr.com, www.br.freelancer.com e www.99freelas.com.br, entre outros oferecem oportunidades para profissionais liberais oferecerem seus trabalhos a todas as partes do mundo. Sites como www.opote.com.br, www.kickante.com.br, www.catarse.me, entre outros oportunizam captação de recursos para cirurgias, criação de novas empresas e muito mais. Há todo um mundo de oportunidade para quem quer empreender, sabendo se relacionar, aprender e reaprender sempre e para quem se dispõe a oferecer algo significativo aos demais. Não há espaço para o egoísmo ou para a acomodação neste novo mundo, o mundo do compartilhamento, da economia do grátis, da experiência, da avaliação constante de nossas performances, o mundo da revolução 4.0. Porém, sob a ótica acomodada valem todos os motivos para olhar o futuro com pessimismo, pois as coisas não serão mais fáceis, nem mais leves, nem mais simples. Pessoas e profissionais acomodados simplesmente correm o perigo de serem ultrapassados.
Já em 1965 Moore havia indicado que os avanços no processamento de dados seria intenso. Ele falara que dobraria a cada ano. Hoje em dia, este crescimento em PG (progressão geométrica) é ainda mais acelerado do que o que seria um crescimento normal, passo a passo. Atualmente a capacidade de processamento de dados dobra a cada 18 meses em diversos ramos tecnológicos. Pense em seus disquetes, em seu toca discos e ficará fácil de entender a velocidade com que as coisas estão se transformando.
Desenvolver competências socioemocionais que nos permitam aproximarmo-nos da melhor versão de nós mesmos e nos reinventarmos com atitude empreendedora é o único caminho para nos manter em um mercado que muda avassaladoramente. Isso vale para filhos e também para pais e educadores. O mundo novo está aí e nos exige um novo olhar, novas atitudes e novas formas de relacionamento com a vida e o viver.
Está feito o convite para uma nova gestão e autogestão, focadas em um projeto de vida empreendedor. Há todo um novo mundo se desenhando bem à nossa frente.
[1] BENVENUTTI, Maurício. Incansáveis: como empreendedores de garagem engolem tradicionais corporações e criam oportunidades transformadoras. São Paulo: Editora Gente, 2016.