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O poder da escola no bem-estar emocional dos jovens

Falar hoje sobre saúde mental e bem-estar dos jovens é falar de um tema urgente e incontornável.

Todos nós, educadores, temos observado de perto uma realidade confirmada recentemente pelo World Happiness Report 2025: os índices de solidão e sofrimento emocional entre adolescentes e jovens crescem ano após ano.

Segundo o relatório, quase 1 em cada 5 jovens no mundo (19%) afirma não ter ninguém a quem recorrer para apoio emocional. Isso significa que, para muitos, a solidão se tornou a única realidade vivenciada.

E o dado mais impactante é este: o que mais influencia a felicidade e o bem-estar do jovem não é o fator econômico nem a fama, mas a qualidade das relações humanas – os vínculos, a gentileza percebida, a confiança compartilhada e a sensação de pertencimento.

Nosso cérebro precisa de sinais de presença e atenção, e isso é essencial porque:

– Ativam áreas do cérebro relacionadas à segurança emocional;

– Reduzem a ativação do sistema de ameaça e estresse;

– Liberam neurotransmissores como ocitocina e serotonina, que promovem bem-estar e confiança;

Preparam o cérebro para aprender, criar, conectar e se autorregular.

O que os estudos mostram com clareza é que a ausência de conexão e convívio social significativo tem um custo emocional enorme: reduz emoções positivas, afeta a aprendizagem, enfraquece a autorregulação emocional e abre portas para ansiedade, desmotivação, baixa autoestima e apatia.

Mais preocupante ainda é perceber que muitos jovens subestimam a empatia dos próprios colegas, não confiam mais no outro, desistindo de criar novas amizades antes mesmo de tentar.

Diante desse cenário, é impossível não afirmar o quanto a escola é necessária — não apenas como espaço de ensino, mas como espaço de desenvolvimento das competências socioemocionais e das funções executivas.

A escola é o primeiro lugar que frequentamos independentemente dos nossos pais. É lá que começamos a desenvolver a consciência de quem somos.

O ambiente escolar é, hoje, um dos poucos lugares onde a convivência presencial, a construção da sociabilidade e das relações interpessoais ainda acontecem de forma estruturada.

A tecnologia, somada à velocidade da informação, tem transformado profundamente as atuais gerações. Em uma era dominada por telas, onde há a ilusão de que estamos mais conectados, na verdade há menos contato humano real e verdadeiro. Isso fragiliza o desenvolvimento emocional dos jovens. E a escola tem o poder de fortalecer vínculos reais, exercitar a empatia, ensinar respeito e gentileza e promover colaboração e cooperação genuínas.

Quando a educação devolve isso ao jovem, ela cumpre uma de suas funções mais nobres: restituir protagonismo, confiança e a alegria de ser ele mesmo.

Educar é também oferecer ao jovem a experiência de pertencimento. Quando ele se sente visto, acolhido e convidado a participar, nasce algo que nenhuma tecnologia poderá substituir: a confiança na vida e no próprio valor.

Por isso, cada gesto de presença, cada vínculo construído, cada espaço de escuta dentro da escola é, na prática, um ato de verdadeira esperança.

A ciência já demonstrou: relacionamentos estáveis, empatia e confiança mútua são fatores biologicamente protetores.

Eles não apenas favorecem a aprendizagem — eles constroem segurança interior e confiança na vida.

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