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O que as escolas pelo mundo têm a ensinar aos educadores brasileiros?

Acabei de voltar de uma visita a três países que são referência em diversos aspectos: Suíça, Estônia e Finlândia. Este último, em especial, é mundialmente reconhecido como um dos melhores sistemas educacionais do planeta. E o que mais me chamou atenção não foi nenhuma fórmula mágica, nenhum segredo escondido em gabinetes: foi a simplicidade e a clareza com que eles tratam a educação como prioridade absoluta da sociedade.

Dois pontos me parecem fundamentais para entendermos por que a Finlândia avançou tanto em educação – e que poderiam transformar a realidade brasileira: a valorização do professor e a valorização da educação infantil.

No Brasil, ainda carregamos uma visão equivocada de que a educação infantil serve apenas para “guardar” as crianças enquanto seus pais trabalham. É quase vista como um serviço assistencialista. Na Finlândia, eles enxergam a educação infantil como o alicerce que garante o desenvolvimento integral da criança e possibilita que, ao longo da vida, ela tenha mais chances de aprender com sucesso. Ali não se trata de um espaço de espera: trata-se de um espaço de construção.

E quem sustenta essa construção? O professor. Mas é preciso entender um detalhe essencial: os professores finlandeses não ganham salários muito acima da média. O que diferencia é a valorização social. O professor é respeitado, ouvido, reconhecido como pilar da sociedade. Não é visto como alguém que “não conseguiu outra profissão” ou como um servidor de segunda categoria. Lá, ser professor é um título de prestígio. Isso muda tudo: quando a sociedade valoriza, a escola respira dignidade.

Outro aspecto marcante: política não entra na sala de aula. O professor é apartidário em sua prática. A educação não se mistura com disputas ideológicas ou palanques. Isso garante foco no que importa: o aprendizado do aluno, e não a agenda de quem está no poder naquele momento. Os governantes se alternam entre esquerda e direita, mas isso não faz com que tudo seja mudado na educação, muito pelo contrário. Tudo permanece, a não ser que as mudanças tenham realmente a ver com inovação ou com necessidades dos estudantes e não com populismo barato.

Além disso, a formação dos professores é levada muito a sério. Para lecionar, é preciso ter mestrado. E a seleção é rigorosa. Não é fácil entrar no curso de pedagogia ou de formação docente. O acesso é concorrido justamente porque se entende que a tarefa de educar é uma das mais complexas e nobres que alguém pode assumir. Essa exigência inicial faz toda a diferença nos resultados.

E há ainda algo inspirador na maneira como os finlandeses enxergam a escola: ela é espaço de confiança. Confiança no professor, confiança no aluno, confiança na comunidade. Não existe um sistema de avaliações opressivo, de provas incessantes. O foco é no desenvolvimento integral, no bem-estar, na autonomia do estudante. O resultado? Alunos mais preparados, mais engajados e, sobretudo, mais felizes em aprender.

Olhando para o Brasil, fica claro que poderíamos aplicar muitos desses aprendizados, tanto na rede pública quanto na rede particular. Não precisamos copiar modelos, mas sim nos inspirar em valores. E os valores que vi na Finlândia são claros: educação infantil como prioridade, professor como referência respeitada, escola livre de disputas partidárias e foco no desenvolvimento humano acima de qualquer burocracia – educação, no mais amplo sentido da palavra, que se reflete no comportamento da sociedade e vice-versa.

Se quisermos de fato mudar a realidade educacional brasileira, precisamos começar valorizando quem ensina e reconhecendo que a base da educação, ainda na infância, é onde tudo começa. Foi isso que vi na Finlândia. E é isso que pode nos inspirar a transformar o futuro do nosso país. Depende de nós. Comece fazendo a sua parte, meu caro leitor. E sempre que possível, espalhe coisas boas e valorize a EDUCAÇÃO!

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