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Opção consciente pelo brincar livre na educação infantil

Olá, bem-vindos. Por aqui vamos falar sobre o brincar e todos os seus aspectos que perpassam a educação. Pode parecer pouco, mas a brincadeira é, ao mesmo tempo, estratégia de educação e desenvolvimento infantil, fonte de conhecimento e conexão com os alunos e ferramenta que está transversalmente descrita na BNCC.

E é muito comum ouvirmos no Tempojunto que brincar e brincadeira não fazem parte do repertório do professor e nem estão nos planos do gestor. Até porque brincar, na visão de muitas famílias, não é importante. Bom, o propósito desta coluna, que chamamos de Brincar Desenvolve, é contribuir para mudar este conceito.

E vamos começar já trazendo um dos aspectos mais complexos da brincadeira em sala de aula: o brincar livre.

O brincar livre tem ganhado espaço nas discussões sobre a educação infantil como uma prática necessária e inovadora. No entanto, a sua adoção nas escolas exige uma escolha consciente por parte dos gestores, que devem considerar alguns pontos-chave para garantir o sucesso dessa prática.

Primeiramente, é essencial entender o que é e o porquê de promover o brincar livre. Brincar livre significa dar protagonismo para o aluno definir como quer aprender e descobrir. Ao proporcionar um brincar sem regras ou resultados esperados, o professor estimula a resolução de problemas, a comunicação e a cooperação entre os alunos. Mais ainda; desenvolve o autoconhecimento e o amor próprio das crianças. Portanto, gestores que abraçam o brincar livre estão investindo em uma educação integral e significativa.

Soltar as rédeas com intencionalidade

Para que o brincar livre funcione, os professores precisam estar preparados. Porque é difícil encontrar o equilíbrio entre não direcionar, mas facilitar a brincadeira.

Uma boa capacitação vai preparar o professor para atuar como facilitador, proporcionando espaços e materiais adequados sem interferir diretamente na brincadeira. Isso inclui a capacidade de observar, escutar ativamente, mediar de forma sensível e oferecer oportunidades desafiadoras e interessantes para as crianças.

O professor aprende a planejar ambientes que incentivem a exploração e a descoberta autônoma.

Brincar livre é diferente de brincar caótico

Caos e brincar livre são opostamente diferentes. E um espaço pensado de maneira estratégica é base deste brincar seguro e saudável. Com materiais não estruturados, materiais naturais, música e locais que favoreçam opções de movimento (ora concentrado, ora expansivo). O ambiente deve ser flexível e acessível. Pode ser grande, pode ser pequeno. Pode ser aberto ou entre quatro paredes.

“Mãe, pai! Hoje só brinquei na escola!”

Outro ponto crítico é a comunicação com as famílias. Muitos pais, influenciados por uma visão utilitária da educação, ainda podem enxergar o brincar livre como uma atividade sem propósito. Cabe ao gestor e à equipe escolar apresentar, com clareza e embasamento científico, os benefícios do brincar para o desenvolvimento das crianças. Oferecer workshops, reuniões e materiais informativos pode ajudar a construir essa compreensão, mostrando que o brincar livre é tão importante quanto qualquer outro componente curricular.

Projeto estratégico e métricas de avaliação

Implementar o brincar livre nas escolas exige uma abordagem estratégica. Não basta apenas inserir momentos de brincadeira no dia a dia escolar; é necessário planejar de forma intencional como e quando ele será aplicado, garantindo que todos os envolvidos, desde professores até funcionários e famílias, estejam alinhados.

Para isso, é recomendável a criação de um projeto com objetivos claros, métodos de aplicação e métricas para avaliar os resultados. Sim! Há métricas possíveis, mesmo que a brincadeira não tenha “resultados esperados”. Alguns exemplos: quanto tempo as crianças brincam livres? Quantas brincadeiras foram criadas? Houve conflitos? Quantos? Os alunos conseguiram resolver os conflitos?

O brincar livre é uma prática que requer comprometimento e planejamento. Ele não deve ser implantado de maneira improvisada ou sem estratégia. Ao optar conscientemente por essa abordagem, o gestor investe no desenvolvimento integral das crianças, preparando-as para um futuro mais criativo, colaborativo e emocionalmente saudável.

Queremos que esta coluna seja um papo, então escreva para nós em contato@tempojunto.com sugerindo temas, trazendo dúvidas e comentários.

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