Matéria publicada na edição 72 | Outubro 2011 – ver na edição online
Leveza, prazer e excelência na relacão com o conhecimento
A Escola Viva conquistou importante equilíbrio entre o estímulo à criação e expressão e o rigor com a qualidade de suas produções. Agora investe no Ensino Médio e procura oferecer ao aluno amplo repertório de experiências escolares, como projetos transdisciplinares, preparação aos vestibulares e grêmio estudantil.
Por Rosali Figueiredo
A expressão artística, a inovação da linguagem e a criação estão na gênese da Escola Viva e reverberam pelo seu ambiente a partir da estética do mobiliário, da organização espacial e dos trabalhos dos alunos. Mas a instituição que surgiu como ateliê de artes no fi nal dos anos 70, começou a se estruturar como escola de educação básica ainda naquela década e construiu um modelo ímpar de organização do ensino: estruturou equipes, horários e rotinas de forma a que o aluno conte sempre com o apoio de “mediadores da aprendizagem”, um educador que o auxilia não apenas na disciplina dos estudos, mas também na ponte entre o conhecimento e a prática dos projetos transdisciplinares e trabalhos individuais, e até mesmo nas experiências de aprendizagem em sala de aula.
São professores contratados como especialistas (como o atelierista de artes, por exemplo), além de auxiliares aos docentes polivalentes do Fundamental I, orientadores (seis no total) e tutores, que mudam suas abordagens conforme a evolução dos ciclos escolares. “O professor atelierista, do Fundamental I, não tem uma hora aula específi ca. Anteriormente, tínhamos a aula de Artes Visuais, mas hoje ele trabalha diferentes linguagens expressivas de maneira integrada ao projeto do professor polivalente. A atividade de Matemática conta, por exemplo, com representação gráfi ca pensada pelo atelierista”, explica o diretor Francisco Manuel de Carvalho Costa Ferreira. Já os orientadores atuam com os estudantes do Fundamental II e Ensino Médio no desenvolvimento dos projetos transdisciplinares, articulados a eixos temáticos (um para cada série). Os tutores, por sua vez, trabalham com pequenos grupos de alunos do Fundamental no horário invertido.
“São dispositivos que a escola desenvolveu para lidar de forma sistêmica com a heterogeneidade, com as diferenças dentro do grupo”, relata Francisco, remetendo a outra característica marcante da instituição – a inclusão de alunos com necessidades diferenciadas. E não apenas em relação àqueles com difi culdades de aprendizagem, mas também aos que precisam “de desafi os adicionais para se manterem motivados”. Outro destaque do modo “Vivoativo” de educação, forma como a escola se posiciona em seu estatuto, está na organização curricular e no permanente convite à participação dos alunos em seus processos. Não à toa, a instituição conquistou o 3º Lugar no Prêmio Microsoft Educadores Inovadores no Brasil em 2011, em função de um torneio de Matemática promovido com o uso de ferramentas como Word, Power Point e Movie Maker.
MISSÃO E OBJETIVOS “A função da escola não é apenas a de consumir, mas a de ser produtora do conhecimento. É a de introduzir às crianças a herança simbólica da sociedade (o conhecimento científi co, a arte e a cultura), de acolher este indivíduo e torná-lo apto a dominar, apreciar, renovar e inovar essa herança simbólica”, analisa Francisco Manuel. Diretor geral e pedagógico do Fundamental I ao Ensino Médio, Francisco Manuel tornou-se um dos sócios-mantenedores da instituição para ajudar a viabilizar sua expansão em princípios da década passada, quando implantou o Fundamental II.
Agora, chegou a vez do Ensino Médio, que está completando o segundo ano em 2011 e representa o grande desafi o dos gestores. Segundo o diretor, o segmento sofre a maior pressão externa por efi ciência entre todos os ciclos da educação básica. “É onde emerge mais claramente nas famílias a demanda pelo papel tradicional. É preciso coragem para apresentar proposta diferenciada desse contexto de pressões e sentimos isso o tempo todo. Mas há pais que dão graças a Deus que a escola ofereça essa alternativa.” No Ensino Médio, o foco se direciona um pouco mais ao “preparo para a continuidade dos estudos”, o que, segundo Francisco Manuel, “vai muito além do vestibular”. “O aluno que conclui o Ensino Médio na Escola Viva tem que estar preparado para uma série de coisas, entre elas, os vestibulares. Essa é uma ideia que precisamos desconstruir: não existe o vestibular, mas exames diferenciados de uma universidade para outra e também em relação ao ENEM.” A ideia é preparar o jovem a fazer as escolhas e a ampliar seu repertório por meio da diversidade de experiências escolares, diz.
ORGANIZAÇÃO
O projeto da escola se viabiliza em três dimensões, esclarece o diretor: nas instalações, na política de recursos humanos e na gestão do conhecimento. Em relação às instalações, estão incluídos cuidados com os equipamentos e mobiliários (como harmonia, apuro estético e matérias primas inovadoras). Quanto aos colaboradores, investe-se em formação, gestão participativa, comprometimento e premiação pelos resultados obtidos. E sobre o conhecimento entra toda a expertise desenvolvida em 35 anos de história: a introdução de eixos temáticos transversais que são trabalhados em cada série e amarram os projetos dos alunos; a presença de áreas disciplinares como Artes, Ciência e Tecnologia, Corpo e Movimento, Música, Filosofi a, Foto e Vídeo, que se somam às mais tradicionais; além da realização de projetos transdisciplinares pelos estudantes. A avaliação é diferenciada (focada menos nas notas e mais nos processos), mas, de qualquer maneira, Francisco Manuel considera importante que a escola participe de provas externas, como o Saresp e o ENEM. Sua primeira participação neste exame acontecerá em 2012, quando estará formando a primeira turma do Ensino Médio, momento em que espera atingir a 270 alunos no ciclo, com três turmas para cada série (hoje são 103).
LIBERDADE DE PARTICIPAÇÃO ESTIMULA GRÊMIO ESTUDANTIL
O ambiente da Escola Viva é acolhedor. Numa tarde ensolarada a sensação que dá é a de estar numa grande varanda de casa, com árvores verdes e a presença marcante dos alunos. A adolescente Giulia de Paola, 13, diz que o ambiente faz toda diferença. “Eu gosto daqui porque é uma escola receptiva”, conta. Giulia estuda na Viva desde o ensino infantil, e destaca que sempre gostou da criatividade que envolve a escola, além da abertura a opiniões e à participação dos estudantes.
Uma forma de representar essa característica é dada pelo Grêmio Estudantil, que foi criado no último mês de agosto pelos alunos do Ensino Médio. “A ideia de um grêmio sempre existiu na escola. No fi nal do ano passado eu e mais quatro alunos nos juntamos e com a ajuda do pai de uma garota que fazia parte do grupo, que é advogado, iniciamos a criação de um estatuto”, conta Eduardo Rocca Batista, 16, aluno do 2° ano e um dos membros da diretoria. O fi nal de 2010 chegou e o processo foi interrompido, mas retomado no começo deste ano. “Dessa vez o professor de História, Marcelo Dantas, nos auxiliou e, somente em agosto, numa assembleia realizada com todos os alunos do Ensino Médio, 9° e 8° ano e os representantes de classe do 1° ao 7° ano, ocorreu a fundação.”
Eduardo diz que a Viva “não só autorizou como incentivou o grêmio, disponibilizando espaço e a ajuda do professor”. Hoje a diretoria conta com nove alunos, e todos têm a mesma autonomia, dividindo as tarefas igualmente. Entre os projetos, estão a realização de um sarau, um campeonato de esportes e a implantação da semana de provas no Ensino Médio. (Por Rafael Lima)
RADIOGRAFIA – ESCOLA VIVA (EI, EF e EM)
LOCAL: Vila Olímpia, São Paulo (Cinco unidades)
EQUIPE PEDAGÓGICA (DO EF ao EM): 125 professores, dez coordenadores e seis orientadores (alguns ministram aulas como professores especialistas)
DEMAIS COLABORADORES: 55
MENSALIDADES EM 2011: de R$ 1.770,00 (EF I) a R$ 2.061,00 (EM)
NÚMERO DE ALUNOS: 953 (do EF I ao EM)
Saiba+
Francisco Manuel C. C. Ferreira
comunicacao.fundamentalemedio@escolaviva.com.br