O espaço físico escolar é um dos ambientes que milhares de estudantes transitam durante um longo período de suas rotinas. E, de certa forma, esse tempo amplia em instituições de ensino integral. O denso processo educacional, que abriga em seu interior uma extensa lista de aprendizados, interações, compromissos, responsabilidades e experiências, ressalta, além do plano pedagógico, um cuidado considerável: o zelo pela saúde de todos os estudantes.
Nesse sentido, além de adequar o colégio em normas e regulamentações com medidas de segurança, é preciso realizar capacitações técnicas, treinamentos, simulações e, também, a implementação de programas de acompanhamento saudável dos alunos, propiciando segurança e prevenções assertivas. As características que indicam a sensação de uma escola segura, de forma plena e irrestrita, se transformaram na atualidade, sobretudo nos últimos anos, com a implantação nas escolas da Lei Lucas.
Em outubro de 2018 foi sancionada a Lei 13.722/18, determinando que professores e funcionários de escolas (públicas e privadas) de ensinos infantil e básico devem ser capacitados em primeiros socorros. A Lei, conhecida como “Lei Lucas” (em homenagem ao estudante Lucas Begalli Zamora, que sofreu uma fatalidade durante um passeio escolar), define que os cursos de primeiros socorros sejam ofertados anualmente, tanto para a capacitação como para a reciclagem do aprendizado. Segundo o portal da Agência do Senado Federal, “o objetivo do treinamento é possibilitar que os professores consigam agir em situações emergenciais enquanto a assistência médica especializada não for proporcionada”.
“Hoje, a importância de um planejamento de ensino de primeiros socorros e condutas básicas para salvarmos vidas ganhou maior importância em todo território nacional, tendo em vista a Lei Lucas, Lei Federal 13.722/18, que obriga os centros de ensino e seus funcionários a estarem preparados para uma situação de emergência”, diz Rafael Kader, médico e doutorando em Ciências Médias pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
De acordo com o médico, o conhecimento em primeiros socorros é positivo e vantajoso, tanto no auxílio de situações de emergência como em um aprendizado interdisciplinar que contribui para a formação do indivíduo. “O aluno, ao ser ensinado pela escola a agir em situações emergenciais do dia a dia, presencia o saber integralizado que corresponde às funções básicas do centro de ensino. Assim, torna-se um cidadão mais completo e capaz de impactar positivamente o seu meio social, compartilhando esse conhecimento e lutando pela vida das pessoas ao redor”, destaca.
ENSINO DE PRIMEIROS SOCORROS
A partir da entrada na escola, desde o ensino infantil, conta Rafael Kader, é possível – e recomendado – trabalhar atividades com os alunos com o intuito de aprender manobras e condutas de primeiros socorros. Quanto mais cedo as crianças e os adolescentes forem treinados, melhor conseguirão agir em uma situação de emergência e, consequentemente, salvar uma vida.
As atividades podem ter um caráter lúdico, ressaltando a solidariedade e a ajuda às pessoas. As crianças pequenas, de quatro a cinco anos, por exemplo, “desempenham bem tarefas básicas como ligar para o serviço de emergência e avaliar se a vítima está consciente e respirando, assim como são capazes de usar o desfibrilador externo automático. Com linguagem acessível e didática, pensada no ensino para todas as idades e independente de conhecimento prévio sobre o tema, as crianças são capazes de aprender e reproduzir condutas básicas de primeiros socorros e conseguem auxiliar com tarefas simples, mas de suma importância, no atendimento fora do hospital”, explica Kander.
Para complementar, Rachel Fontoura, professora e coordenadora de Educação Física da Escola SEB Dom Bosco, reforça que orientações acerca de primeiros socorros no ambiente escolar e dicas simples, como a atitude de chamar um adulto ou de ligar para o número de emergência, são ações que podem salvar uma vida. Na prática, as instituições podem promover ações educativas sempre que possível, “com cartazes, guias de orientações práticas, slogans de cuidados no ambiente escolar, elaboração de cartilhas ilustrativas de ações em caso de acidentes, palestras, treinamentos, e até bate-papo com pais da área de saúde abordando ações de socorro com os alunos”, ressalta.
É interessante ressaltar que todas e todos devem ser capacitados e treinados, não só alunos, professores e gestores, “mas todos os profissionais que de forma direta ou indireta estejam envolvidos no processo de ensino aprendizagem. As técnicas básicas de primeiros socorros devem ser conhecidas por todos, pois alguns acidentes ocorridos na infância, além de causarem prejuízo para a vida adulta, podem deixar sequelas irreversíveis”, finaliza a professora.
Saiba mais:
Rachel Fontoura – rachellima@sebsa.com.br
Rafael Kader – atendimento@direcionalescolas.com.br