Soluções mudam conforme ambiente, usos e idades
Há cerca de dois anos o Colégio Dante Aleghieri, localizado na região dos Jardins, em São Paulo, adotou o revestimento de borracha em uma pequena quadra de recreação externa dos alunos da Educação Infantil, solução que se mostrou um sucesso tanto para os usuários mirins quanto para o gerente de manutenção geral da escola, Márcio Usmari. “O piso não me deu mais problema e apresenta uma ótima relação custo benefício”, diz. Segundo o gerente, o material deverá ser aplicado em outra área de parquinho da Educação Infantil, substituindo o piso rústico e a areia.
Para a arquiteta Mara Cabral, os revestimentos de borracha e areia são os mais indicados para as atividades com as crianças pequenas, já que apresentam bom padrão de absorção de impacto e de refl exão acústica (o som da própria criança costuma irritá-la), além de serem antiderrapantes.
No caso do Dante, foi implantado um piso em mosaico, no sistema intertravado, em que as juntas de dilatação, presentes entre uma placa e outra, servem para o escoamento da água, que acaba escorrendo para o ralo instalado no contrapiso. É um revestimento ideal para a faixa etária até seis anos, que “está se descobrindo e cai muito”. Mas alguns cuidados são necessários na realização dos trabalhos, como o caimento da superfície (inclinação) a no máximo 1%, recomenda Mara. Já a manutenção requer procedimentos convencionais a qualquer outro tipo de piso externo, como limpeza e pintura periódica.
Quando se fala, entretanto, de quadras poliesportivas para estudantes maiores, os critérios mudam. Ainda inexistem no Brasil normas técnicas específi cas para quadras, comenta a arquiteta, que acaba recomendando o uso de parâmetros internacionais, como a norma alemã (DIN V 18032/2) ou a da União Européia (EN 14904/2006). “As normas estabelecem critérios quanto à capacidade de deslizamento lateral dos pés, o nível de deformação vertical do piso, de brilho e refl exo, o módulo de elasticidade, padrões de defl exão, energia de recuperação e refl exão da bola, e ainda citam algumas substâncias químicas proibidas”, aponta.
Também normas de revestimentos baixados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) podem ser adotadas, como a NBR 13753/96, que trata de pisos internos ou externos com placas cerâmicas fi xadas com argamassa colante, e a NBR 14050/98, relativa a materiais à base de resinas epóxi, entre outros. O importante, observa a arquiteta, é que as escolas procurem itens em conformidade com as propriedades dos Revestimentos de Alto Desempenho (RAD) recomendados pelas normas estrangeiras, como aderência, fl exão, compressão, resistência para a ação, abrasão, impacto e absorção.
A escolha deve levar em conta ainda as modalidades praticadas com mais frequência, pois a superfície poderá favorecer ou o deslizamento dos pés, evitando que o atleta machuque o tornozelo, ou trazer certa deformação indispensável para os saltos, ressalva a arquiteta. Os pisos muito duros difi cultam os impulsos, ou seja, movimentos relacionados à prática do atletismo. Já as superfícies mais maleáveis e apropriadas a essa modalidade não são boas para o futebol, pois no entanto, é um padrão de piso que assegure o equilíbrio entre o brilho e a refl exão, permitindo ao atleta ter uma boa visão das linhas demarcatórias da quadra.
Neste contexto, os revestimentos mais indicados para as quadras externas, por exemplo, são o concreto de alto desempenho pintado ou o concreto cimentado e pintado. Já nos ginásios cobertos, as opções tornam-se bem mais amplas e envolvem o piso vinílico, o PVC, o epóxi, a madeira, a borracha, os laminados e o próprio concreto de alto desempenho e pintado.
Para o coordenador de Esportes da Escola Internacional de Alphaville, Paulo Riera de Faria, a melhor solução encontrada pela instituição para suas quadras externas foi o cimento, que apesar de um pouco duro, proporciona bom desempenho no deslizamento, além de ser antiderrapante. Já no ginásio coberto, a opção foi pelo vinílico, o qual permite trabalhar as linhas demarcatórias de cada modalidade conforme a variedade de cores do material, “dando bom efeito estético”, diz. Outro benefício é que o revestimento “não escorrega se tiver boa manutenção”, destaca Paulo, lembrando que as escolas costumam cometer dois grandes erros na escolha dos pisos das quadras: “ou são muito ásperos ou escorregadios”, observa o coordenador, que comanda uma equipe de catorze professores na instituição de Alphaville.
ACESSÓRIOS
Pecados são cometidos também em relação aos acessórios, observa o coordenador, especialmente a ausência de climatização nos espaços cobertos. O ginásio da Escola Internacional de Alphaville dispõe de um sistema de climatização por nebulização de água, com oito equipamentos, afi rma. A falta de iluminação costuma ser outra difi culdade enfrentada pelos educadores e não está dispensada sequer das quadras externas, que devem receber postes com refl etores, sugere. Outra atenção deve ser dada à adaptação do tamanho dos equipamentos instalados nas quadras destinadas à Educação Infantil, como balizas do gol e tabelas das cestas de basquete.
Finalmente, a arquiteta Mara Cabral deixa uma recomendação pouco atendida pelas mantenedoras: a construção de paredes ou muros auxiliares às quadras externas, “um acessório básico” que apresenta duas utilidades. Além de separar a quadra dos demais espaços e impedir que os estudantes se dispersem, elas servem para exercícios com bolas. “A falta desta parede auxiliar é a falha que mais observo hoje entre as escolas”, conclui Mara.
Saiba mais
Mara Cabral
maracabral@haiah.com.br
Márcio Usmari
marcio.usmari@cda.colegiodante.com.br
Paulo Faria
paulofaria@escolainternacional.com.br