Garantindo praticidade, inibição do consumismo e equilíbrio das diferenças sociais, os uniformes escolares são vestimentas que agradam os pais e/ou responsáveis, principalmente pelo fator econômico, além de estabelecer uma padronização na escola, contribuindo, assim, no desenvolvimento psicossocial das crianças, com um sentimento de pertencimento ao grupo.
O vestuário, produzido e identificado com o emblema da escola e as suas customizações (junção de cores, logo, padronagens, tecidos, texturas e detalhes), indica uma linguagem visual que reforça a estética, tradição e simbologia de cada escola. Adotado em grande parte das instituições de ensino, da educação infantil ao ensino médio, os uniformes geralmente são descartados com o crescimento das crianças. E esse descarte pode impactar negativamente, em uma escala maior, no meio ambiente. Um estudo chamado “Pulse of the Fashion Industry”, realizado pela Boston Consulting Group em 2019, mostrou que até 2030 a indústria global de vestuário e calçados terá crescido 81%, podendo chegar a 102 milhões de toneladas de roupas e acessórios. Esses números demonstram o alto custo da indústria e uma pressão sem precedentes sobre os recursos ambientais.
Com o objetivo de reduzir o consumo, estimular a prática solidária, além de garantir sustentabilidade financeira das famílias e a saúde do planeta, o Colégio Cruzeiro, localizado no Rio de Janeiro, promove edições de “Troca-Troca” em prol da sustentabilidade e da economia circular. Incentivando que os/as alunos/as das duas unidades (Centro e Jacarepaguá) troquem entre si uniformes e livros escolares, a ação ocorre há cerca de 15 anos de forma ininterrupta, como uma iniciativa do Departamento de Ação Social. E, a cada ano, aumenta o número de famílias que participam dessa prática.
“Observamos que muitos pais com mais de um filho adotavam a prática de reaproveitar uniformes. Em uma de nossas reuniões de planejamento com professores, surgiu a ideia de ampliarmos essas trocas entre famílias e, ainda, incluirmos os materiais didáticos”, conta Ana Paula Ramos, Diretora Pedagógica Estratégica do colégio.
Nesse “Troca-Troca”, que ocorre ao longo do ano letivo e que integra o calendário de ações do projeto de Ação Social do colégio, pais e/ou responsáveis e/ou alunos e alunas levam uniformes em bom estado que não serão mais utilizados por suas famílias para trocar por outros. Nesse movimento, no final de cada ano letivo, cabe também a troca de livros didáticos, dentro do conceito de economia circular, que promove a reutilização e a redução do consumo de materiais.
“As famílias já adquiriram a cultura de doar uniformes que, por algum motivo, não serão mais usados por seus filhos ao longo do ano. O Departamento de Ação Social se encarrega de recebê-los, organizá-los por tamanho para que a cada semestre possamos fazer o troca-troca. Um dos critérios para doação é que a peça possa ser usada por outro aluno, portanto, deve estar em bom estado”, explica Ana Paula Ramos. Na logística das trocas, para organizar as entregas, o colégio envia um comunicado às famílias com período destinado a essa finalidade. “Os uniformes e materiais são organizados em bancadas, por tamanho e segmento/série escolar, em cada unidade escolar. As famílias comparecem nos dias marcados e fazem suas escolhas. Toda comunidade escolar é envolvida, e os que desejam participam desse troca-troca”, completa Ramos.
As ações sustentáveis e o reaproveitamento de materiais, conta a diretora, faz parte do cotidiano do colégio e de seus valores. Além do troca-troca, o colégio tem uma agenda ativa com outras ações, como coleta de pilhas e lixo tecnológico, óleo usado e um biodigestor ativado pelos estudantes, e coleta de tampas plásticas, que são revertidas em cadeira de rodas. (RP)
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Ana Paula Ramos – ana.ramos@colegiocruzeiro.com.br