Já escutei docentes dizerem que não precisam aprender, pois têm muita experiência em educação. “Quem está acostumado a ensinar às vezes tem dificuldade em aprender”. O educador, quando escuta as palavras “treinamento”, “capacitação”, “palestra”, “monitoramento”, ou qualquer outro sinônimo, pode regredir ao condicionamento de suas experiências escolares anteriores, colocar o chapéu da pendência, cruzar os braços, encostar-se na cadeira e dizer: “pode me ensinar”.
Adultos trazem consigo uma carga de experiência muito grande. E, à medida que acumulam estas experiências, tendem a criar hábitos mentais, preconceitos e pressuposições que costumam fechar a mente para novas ideias, percepções mais atualizadas e alternativas.
Para qualquer tipo de reestruturação acontecer, é necessário que todos os colaboradores estejam abertos a mudanças de atitudes e quebrem seus paradigmas. É neste momento que o entendimento da psicologia de aprendizagem para adultos (ou andragogia) pode auxiliar e atuar como facilitador para que etapas sejam cumpridas com a menor resistência possível – e que as novas experiências provoquem sensações positivas, como o aumento de interesse, o desenvolvimento da autoestima e o espírito de equipe.
A palavra “andragogia” tem a sua origem na Grécia Antiga: andra (adulto) e agogé (condução). Segundo a definição creditada a Malcolm Knowles em seu livro “The Adult Learner”, andragogia é definida como a ciência de orientar e motivar adultos a adquirir novos hábitos, conhecimentos e atitudes.
Linderman, Knowles e Wlodowski, três dos principais pesquisadores da educação de adultos, apresentam em seus trabalhos algumas explicações para essa diferença e sugerem que a motivação dos adultos para aprender é a soma dos seguintes fatores:
1 – Confiança e Monitoramento: Quando acompanhado, o adulto sente-se confiante em sua capacidade de experimentar ou adquirir um novo hábito, pois não está sozinho nesta empreitada.
2 – Autoestima e satisfação: Adultos são motivados a aprender à medida que percebem que as necessidades e interesses que buscam estão e continuarão sendo atendidos. Além do reconhecimento formal (elogios) nas reuniões de monitoramento e dos ganhos por méritos (premiações), a comunicação e o marketing pedagógico podem ter um papel importante na valorização da equipe, por meio das divulgações de seus trabalhos para os demais colaboradores, alunos e familiares.
3 – Objetivos definidos: Sem saber aonde se quer chegar (objetivo), como conseguir (metas) e se o caminho está certo (análise de desempenho), não existe necessidade de se movimentar.
4 – Visão do todo: Os adultos têm uma profunda necessidade de se autodirigir, isto é, de serem responsáveis pela sua aprendizagem e estabelecerem seus próprios percursos educacionais. Para isso, é importante que eles tenham uma visão holística do processo e a ciência do planejamento estratégico.
5 – Autonomia: O adulto sente-se motivado quando participa da tomada de decisão e tem autonomia para agir em busca de seus objetivos.
6 – Aprendizado experiencial: A experiência é a mais rica fonte para o adulto aprender. Praticamente todo o conteúdo necessita ser de utilidade prática e imediata, porém, deve resultar em mudança de atitudes e aperfeiçoamento de habilidades passíveis de gerar resultados em longo prazo.
7 – Valorização da empresa em que trabalha: As pessoas, de uma forma geral, motivam-se quando fazem parte de uma equipe de ponta, que alcança seus objetivos e é reconhecida por isso.