Com o tema “Inovações e Tendências na Educação”, a 57ª Assembleia Mundial do Conselho Internacional de Educação para o Ensino (ICET, na sigla em inglês), órgão consultivo da Unesco dedicado ao desenvolvimento global via educação, trouxe temas relevantes para a reflexão sobre a importância da qualidade na educação.
O evento, que aconteceu de 26 a 28 de junho em Bangcoc, na Tailândia, contou com a participação de representantes de 22 países, oferecendo a oportunidade de ouvir e aprender com diversos pesquisadores, elaboradores de políticas públicas e pessoas que atuam diretamente na área da educação, além de discutir inovações para melhoria do ambiente educacional.
As palestras, em suas diversas perspectivas e considerando as diferentes realidades, apontaram para fatores comuns, que se destacam como fundamentais e, ao mesmo tempo, desafiadores para que os jovens consigam desenvolver o máximo de suas potencialidades e se preparem efetivamente para lidar com os desafios do presente e do futuro. Qualidade foi a palavra-chave do evento.
Segundo Gwang-CholChang, chefe de Políticas Educacionais e Unidade de Reformas da Unesco em Bangkok, na Tailândia, entre os temas mais importantes nas discussões internacionais a respeito de educação está uma questão crucial: os estudantes estão efetivamente aprendendo? O profissional da Unesco mencionou, durante sua apresentação na Assembleia, três fatores particularmente importantes para assegurar uma educação de qualidade: quantidade adequada de professores qualificados; ensino e aprendizagem que promovam aquisição de habilidades e competências necessárias para a vida atual e as necessidades do século XXI; e um sistema apropriado de avaliação de estudantes, de forma a assegurar que eles estejam efetivamente aprendendo.
O professor Dr. Chailerd Pichitpornchai, presidente da Universidade aberta Sukhothai Thammathirat, da Tailândia, explanou a teoria de aprendizagem baseada na estrutura e função do cérebro. De acordo com o professor, um dos estilos mais populares é o VARK, baseado na modalidade perceptiva – visual (V), auditiva (A), leitura e escrita (R) e cenestésica e tátil (K). Segundo essa teoria, os seres humanos têm suas preferências de modos perceptivos. Pesquisas apontam que, se o estímulo for feito de acordo com as preferências corretas de cada um, a aprendizagem, além de mais rápida e fácil, fica retida na mente por mais tempo. Outro benefício seria a potencialização da integração de antigos a novos conhecimentos e facilitação da síntese de novos aprendizados e suas aplicações.
Já Allan Luke, professor pesquisador na Universidade Queensland de Tecnologia da Austrália, falou sobre o Multiletramento focando dois modelos alternativos que, em conjunto, resultaram em um trabalho bem sucedido com professores e alunos de uma escola multirracial com baixo poder socioeconômico. Segundo Luke, trata-se de uma “pedagogia de multiletramento” e um novo planejamento curricular da escola. Os resultados apontaram para um envolvimento maior com a cultura indígena local, um desenvolvimento profissional docente focado no envolvimento dos alunos com o conhecimento e “leitura de mundo”, entre outros.
Os conceitos que organizam a educação estão sempre ligados à história e à cultura, próprias da nação. Cada um dá à noção de conhecimento um determinado sentido em função dos sistemas de valores e de crenças das pessoas e grupos. Seja qual for a escolha, é importante que seja feita com qualidade. A educação escolar deve e pode preparar para a vida. Embora saibamos que se trata de um grande desafio por envolver muitas variáveis, não podemos esmorecer. É importante mapear, planejar, intervir e acompanhar qualitativamente os resultados para que avanços sejam realizados.
Por Suely Nercessian Corradini*
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