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Como a mensuração de resultados pode contribuir para o aprendizado da língua inglesa

 

Por Piri Szabo

Cada vez mais a língua inglesa recebe atenção dos gestores educacionais e dos professores por representar uma necessidade latente, seja para o universo profissional, seja para uma melhor imersão no mundo globalizado. Nós vemos no mercado diferentes iniciativas, métodos e programas que buscam a eficiência do ensino. Mas, também observamos que, no final deste processo, ainda são poucos os brasileiros que conseguem atingir seus objetivos e se comunicar com desenvoltura, dentro do nível pretendido.

Na minha percepção, como profissional do ensino de língua inglesa com mais de 30 anos de experiência, um fator determinante para esta divergência entre os objetivos pretendidos e os resultados alcançados ao final do ciclo é a forma como, de um modo geral, a nossa cultura enxerga a avaliação. Nós ainda lutamos para encontrar o caminho certo na atual prática educacional para medir e relatar resultados.

Olhando para esse cenário, sinto que cada iniciativa deve contar com uma abordagem abrangente e robusta para medir sua efetividade ligada a questões linguísticas e não-linguísticas do programa. Mas, antes de desenhar o modelo adequado, é preciso que os envolvidos despertem para três questões básicas que envolvem o assunto: por que devemos avaliar? O que avaliar? E como avaliar?

Em geral, argumenta-se que a mensuração de resultados no ensino de línguas é difícil, já que se trata de um processo muito individual. Concordo totalmente, mas esta é exatamente a razão pela qual precisamos monitorar e realizar avaliações ao longo de todo o processo de aprendizagem. Não podemos correr o risco de chegar ao final de um ciclo e perceber que o aluno não alcançou as metas. Infelizmente, esta é uma situação muito comum no Brasil, nos diversos ambientes educacionais. Isso acontece nas escolas regulares e escolas de idiomas, seja em iniciativas públicas ou privadas.

Se coletarmos dados sobre os resultados do processo de ensino e aprendizagem em nossa instituição, no dia a dia, é possível promover mudanças mais rapidamente caso o programa não esteja fluindo da forma esperada. Esse processo de monitoramento deve fornecer informações que nos permita fazer alterações importantes ao longo do percurso.

Medir os resultados com frequência nos permite:

1- Monitorar o impacto do ensino por meio de metas mensuráveis;

2- Monitorar se nossas intervenções têm alcançado os resultados planejados e os pontos onde é necessário mudar de estratégia;

3- Melhorar a qualidade do nosso trabalho e do planejamento futuro;

4- Compartilhar o aprendizado com toda a organização e melhorar a qualidade do programa;

5- Assumir a responsabilidade para nós mesmos;

É muito importante mencionar que, ao se definir os objetivos de aprendizado e o momento de se avaliar os resultados, deve se considerar quem são os alunos e onde eles estão em relação aos objetivos que querem atingir. A aptidão para aprender e orientação para o aprendizado também devem ser levados em consideração, já que ambos esses pressupostos são centrais na vida dos estudantes.

Quando pensamos sobre o que devemos avaliar, muito provavelmente todos esperam que eu afirme que devemos avaliar os resultados linguísticos. Sim, devemos avaliar o conhecimento e desempenho de um aluno em um determinado domínio, uma vez que este é o principal objetivo do curso. É fundamental que o que quer que seja que desejemos medir reflita a finalidade e os objetivos de um determinado programa, ou alternativamente, meça a competência global em relação à língua.

Mas, eu gostaria de destacar a possibilidade de também avaliar os resultados não-linguísticos. O que o aluno também desenvolveu durante o processo de aprendizagem que não está diretamente relacionado com a língua? Estratégias de aprendizagem (envolvimento estratégico ativo na aprendizagem) de aptidão da língua? Autoconhecimento? Por alguma razão, não costumamos analisar realmente o quanto as diferenças individuais contribuem para as diferenças nos padrões de aprendizado de línguas. Definitivamente, acredito que os fatores psicolinguísticos, que exercem uma forte influência sobre todo o processo de aprendizagem de línguas, deveriam receber mais atenção.

E, então, podemos medir esses resultados de maneira formal ou informal. Grande parte do caminho informal é incorporada em atividades de sala de aula, mas também pode ser espontânea e não planejada. Já a maneira formal de medir deve ser planejada e estruturada. Pode ser um teste ou quiz, um conjunto sistemático de observações da performance oral do estudante, um jornal, um portfólio ou um exame padronizado. Neste caso, podemos medir a competência global na língua e não nos limitarmos ao currículo do curso.

Há alguns pontos importantes a se considerar quando se fala em exames padronizados. Procurados pela maioria das pessoas apenas para efeito de comprovação de nível de proficiência (para estudos, imigração ou mercado de trabalho), o potencial dos exames internacionais para avaliar o progresso de aprendizado é desconhecido por grande parte dos gestores e dos alunos e, em consequência disto, desperdiçado.

Uma vez que não existe no País uma legislação ou organização que regule a qualidade dos cursos e escolas que se propõem a ensinar inglês, os testes de nível de proficiência aplicados por instituições internacionais reconhecidamente independentes podem cumprir o papel de oferecer uma avaliação isenta e dentro dos padrões mundiais. Desta forma, os alunos e professores conseguem ter uma visão clara do desenvolvimento em diferentes competências e habilidades, de acordo com os objetivos traçados por cada candidato.

Atualmente, existe no mercado brasileiro uma ampla gama de exames, inclusive com opções “customizadas” para diferentes níveis, interesses e objetivos. O portfólio oferecido inclui desde versões infantis, com linguagem especialmente voltada para este público; até versões com linguagem business e para professores. A ideia de acompanhar o processo de aprendizado com avaliações periódicas pode ser muito produtiva para identificar possíveis dificuldades, aprimorar as técnicas de estudo, sempre em conjunto com os professores, e conquistar autoconfiança para avançar no caminho. Quando se faz uma dieta, é comum acompanhar o progresso da perda de peso.Com o ensino e aprendizado de inglês deve ser a mesma coisa.É fundamental ter um acompanhamento ao longo do tempo para comparar os resultados em curto, médio e longo prazo.

Tradicionalmente, quando se fala sobre exames padronizados, consideram-se a validade e a confiabilidade como principais credenciais, uma vez que eles refletem de forma precisa o verdadeiro nível de habilidade de uma pessoa. Mas, hoje também é importante enxergar um panorama mais completo que engloba também impacto, praticidade e gestão da qualidade, já que exercem efeito na tomada de decisão, empregam os recursos de maneira objetiva e eficiente e estimulam a melhoria contínua.

Discutir o processo de mensuração com profundidade é algo que precisamos estimular. Sei que se trata de uma área muito complexa, mas “Falar Inglês” é usado, cada vez mais, como um dos critérios fundamentais para a educação e o emprego. Com isso, vem uma enorme responsabilidade para escolas, professores, coordenadores e diretores. Todos estes devem ser envolvidos no processo de avaliação de resultados e devem obter uma imagem clara e precisa do desempenho do aluno. Não podemos continuar a ter alunos que estudam inglês por muitos anos e, ao final do processo, não conseguem se comunicar. Se estamos envolvidos no ensino de inglês, então somos todos responsáveis e todos devemos estar comprometidos com a entrega de qualidade e resultados.

*Piri Szabo é Diretora Geral do escritório de Cambridge EnglishLanguage Assessment no Brasil e conta com mais de 30 anos de experiência no ensino e estudo da língua inglesa.

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