Matéria publicada na edição 21 | outubro 2006 – ver na edição online
Do jeito que os alunos querem
Dos uniformes inspirados em fardas do Exército, comuns nos colégios do século XIX, à preocupação atual de que o uniforme deve ser uma roupa agradável para os alunos muita coisa mudou em relação aos trajes dos estudantes. Historicamente, os uniformes servem para caracterizar quem pertence a determinado grupo. Eram comuns nos primórdios da escola brasileira uniformes no estilo farda, outros semelhantes às batinas de padres e, mais tarde, moças de saias escuras e blusas brancas, rapazes de ternos escuros com camisas brancas e crianças com roupas formais, aparecendo freqüentemente o estilo marinheiro nas golas dos vestidos das meninas e nas camisas dos meninos.
Segundo Isabel Pires, idealizadora do projeto “História do Uniforme Escolar no Brasil”, que consta de livro e exposição itinerante, uma pesquisa realizada entre estudantes, e também entre as escolas que já sediaram a exposição, mostraram as expectativas atuais dos alunos em relação aos uniformes. “A pessoa mais indicada para decidir o uniforme escolar são os próprios alunos, é claro que contando com a supervisão de um profissional competente. Vários colégios estão trabalhando com pesquisas junto aos seus alunos e o resultado tem sido bastante satisfatório. Essa prática faz com que os alunos tenham mais orgulho em usar e zelar por seus uniformes, essa interação os faz sentir responsáveis pelo uniforme”, avalia.
Nas pesquisas feitas por Isabel, entre as meninas o item mais solicitado foi a inclusão de saias ao uniforme. “Percebemos nessa tendência a necessidade da diferenciação dos uniformes femininos, além do forte apelo da moda, onde a figura da mulher tem se tornado cada dia mais feminina”, acredita. Para as camisetas, o modelo baby look continua em alta, com opções para mangas curtas e longas. Para os meninos, o item mais sugerido foi a jaqueta com mangas removíveis, podendo se transformar em um colete. Nas camisetas, nada de gola rente ao pescoço. Os decotes devem ser um pequeno “V”, e ter regatas como opção. Os tecidos para as camisetas devem ser sempre em 100% algodão.
Já para o tecido do uniforme Isabel recomenda a helanca de nylon específica para uniforme, em substituição à helanca de poliéster. “Do resto do nylon se faz o poliéster, que é uma fibra curta, que arrebenta e faz bolinhas”, explica Isabel. A helanca de nylon apresenta melhor toque, aspecto e caimento adequados para uniformes, não encolhe, não deforma, não esgarça, não forma bolinhas, não desbota, e é bastante resistente à abrasão, alem de ter várias opções de cores. As cores preferidas pelos estudantes ainda são os diversos tons de azul, seguidos pelo cinza e verde.
Daniel Maia, estilista que trabalhou como consultor de moda do livro “História do Uniforme Escolar no Brasil”, aponta ainda alguns itens que devem ser levados em consideração no desenvolvimento dos uniformes escolares. Um deles é a variação de temperatura, típica de cidades como São Paulo: de manhã faz frio e à tarde calor. Para enfrentar esse clima, coletes e blusões são práticos. Uma boa quantidade de bolsos para carregar carteira, celular e outros acessórios também é útil.