Matéria publicada na edição 66 | Março 2011 – ver na edição online
Para colocar a “mão na massa” e dar vazão à criatividade.
A arte é componente obrigatório do currículo do Ensino Fundamental e Médio previsto pela LDB, de 1996, e não há como ensiná-la sem que se coloque “a mão na massa”, sem que se estimule, simultaneamente, “a criação e recriação”, o que demanda equipe preparada, infraestrutura e “prática pedagógica”. “Ao montar o seu planejamento, é imprescindível que a escola determine um espaço apropriado para que o professor possa trabalhar com cores, movimento e materiais como argila”, exemplifica Regina Travassos, supervisora de ensino em São Vicente, ex-professora da rede estadual. Graduada em Artes, Música e Pedagogia, Regina explica que a área se divide em três grandes formas de expressão: as artes plásticas (como escultura, pintura, gravura e colagem), as cênicas (apresentações teatrais, produção de filmes etc.) e a musical (clássica, popular e instrumental).
Nas artes plásticas, um ambiente que dê liberdade ao professor para propor diferentes atividades deve contar com bancadas, pias com “duas a três torneiras”, “cantos da fantasia ou de sucata” (com a recriação de cenários que estimulam a imaginação das crianças), e locais de exposição das criações, sejam pinturas penduradas em varais ou esculturas apoiadas sobre o mobiliário. No segmento musical, como as aulas de canto coral, é preciso outro tipo de espaço, separado das salas de aula, permitindo o “barulho”, ou seja, o trabalho “em cima das vozes”. O mesmo é válido para as atividades cênicas.
“A arte tem um movimento próprio e mesmo que se aborde, por exemplo, a sua história, é importante introduzir atividades com argila, relacionando-a à pré-história, ou mosaicos, típicos da arte medieval. Esses materiais estabelecem uma conexão com os períodos”, observa Regina, lembrando que o aluno aprende se puder “ver, escutar, sentir e fazer”. “A arte propicia isso, desenvolve a criação e deveria ser o pilar central da aprendizagem.”
Esta é característica do projeto pedagógico do Colégio Hugo Sarmento, instituição nascida há 45 anos na zona Oeste de São Paulo. Com 380 alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio, a escola transformou seus 1.200 metros quadrados de área construída em “1.200 metros quadrados de exposição dos trabalhos dos estudantes”, afirma o mantenedor João Mendes de Almeida Junior. “Esse é o espírito da escola. Todos os projetos didáticos acabam encontrando, de alguma maneira, uma forma de expressão artística. São apresentados por meio de maquetes, exposições, apresentações teatrais e demais manifestações.” Segundo o mantenedor, a arte é transversal a todas as disciplinas ministradas no Colégio e suas produções acabam expostas em um evento anual.
A escola possui um grande ateliê, equipado com bancadas, pias, varal, suportes para as produções, cavaletes para telas, furadeiras, ferramentas para trabalhar com argila, xilogravura e bloco sical (destinado à construção civil, o material se adapta bem às esculturas), azulejos, madeira em MDF, tintas, entre muitos outros. Para facilitar a gestão do processo, João Mendes revela que o Hugo Sarmento cobra uma taxa anual para a compra dos materiais.
Saiba mais
João Mendes de Almeida Jr – joao@hugosarmento.com.br
Regina Travassos – regitravassos@yahoo.com.br