Claudia Mota
Muitos gestores de escolas se preocupam em ter um projeto pedagógico bem elaborado, espaços bonitos e uma equipe bem preparada. Isso é ótimo e necessário, mas uma pergunta importante não deve ser esquecida: “A sua escola é feita para todos? “. A discussão da acessibilidade nas escolas é fundamental.
Em setembro de 2015 a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) lançou uma nova versão da NBR 9050 que dita as regras referentes à acessibilidade em projetos de arquitetura. Esta nova norma entrou em vigor em outubro do ano passado, mas a grande maioria das escolas ainda desconhece a sua importância e seus espaços não são adequados para o atendimento de alunos com os mais diversos tipos de limitação.
De acordo com a norma a definição de acessibilidade é:
“possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida”
Partindo disto podemos concluir que é necessário preparar mais do que uma rampa de acesso na entrada do imóvel para atender a todas as pessoas. A acessibilidade nas escolas na verdade é o conjunto de condições que possibilita que qualquer pessoa usufrua da melhor forma possível do seu ambiente de ensino.
A acessibilidade nas escolas está diretamente ligada à inclusão.
E por onde você pode começar a repensar os espaços da sua instituição? Fizemos uma pequena lista que pode auxiliá-lo:
- Acesso – é fundamental que qualquer pessoa consiga entrar no ambiente da escola. As rampas devem seguir a inclinação máxima indicada na norma (8,33% , atualmente, principalmente fora do país, já é utilizado 6,00% de inclinação para rampas de acesso) e também devem possuir corrimãos e larguras adequadas. Não adianta ter uma rampa cuja inclinação é confortável mas em que não há largura suficiente para a passagem de uma cadeira de rodas. Se não houver espaço para a construção de uma rampa há a alternativa de se instalar plataformas de elevação que podem vencer os lances de escada, como as utilizadas pelos bancos. Se o desnível for realmente muito grande é necessária a instalação de um elevador.
- Sanitários – é imprescindível que a escola tenha pelo menos um sanitário que atenda às normas de acessibilidade universal, seguindo as dimensões mínimas e a disposição e altura correta dos componentes. As peças sanitárias adaptadas e barras de proteção oferecem segurança e conforto a fim de que qualquer pessoa com problemas de locomoção tenha autonomia no uso dos sanitários. Hoje já existem no mercado muitas alternativas de louças, metais e barras de apoio mas sua instalação correta exige um projeto correto , assim o investimento nestes equipamentos é garantido. Como em todos os sanitários é preciso também atentar para a escolha de um piso antiderrapante.
Dimensões mínimas para um sanitário acessível.
- Bebedouros – este é um item cuja adaptação às pessoas com mobilidade reduzida é muito simples. Hoje já existem modelos de bebedouros com alturas diferentes e que atendem a todos. Um detalhe importante é a execução correta dos pontos de hidráulica e de elétrica para a instalação dos mesmos.
- Sinalização tátil – muitas vezes quando pensamos em acessibilidade nas escolas esquecemos das pessoas portadoras de alguma deficiência visual, para estes é fundamental a instalação do chamado piso tátil. O piso tátil difere dos demais pela cor e textura e pode ser de dois tipo: o direcional e o de alerta. O piso direcional auxilia na orientação do trajeto, ele serve como um guia durante o caminho e sua instalação deve ser criteriosa já que o excesso deste pode gerar confusão no usuário do espaço. O piso de alerta funciona como um aviso diante de obstáculos como escadas, rampas e ou objetos que possam estar no meio do percurso.
A acessibilidade nas escolas é um assunto extenso, cercado de questionamentos por parte dos administradores dos espaços de educação e que muitas vezes implica em obras de vulto nas escolas. Atender a todos de forma correta e com conforto é fundamental quando se pensa numa instituição de ensino séria e que respeita seus alunos, funcionários e visitantes.