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Hand Spinners: mais que uma brincadeira, um pedido por atenção

Colégios de vários estados brasileiros estão testemunhando a ebulição de uma nova febre. Os jovens estão fascinados pelos hand spinners (giradores de mão, em tradução livre). Trata-se de um aparelho com três extremidades, em que se impulsiona uma das pontas para girá-lo, enquanto outros dois dedos, em pinça, seguram o centro da peça. O divertimento das crianças vem de equilibrar o brinquedo em um dedo só – ou em outros lugares do corpo -, fazer manobras e piruetas. Ou, simplesmente, observar o movimento rotatório.

O hand spinner foi criado nos Estados Unidos, na década de 90, supostamente com o intuito de auxiliar na concentração e no relaxamento. O brinquedo chegou a ser recomendado para pessoas com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou até mesmo autismo. Em matéria para o site americano WTOP, a coach de TDAH Crista Hopp afirma que, “quando as mãos ou outra parte do corpo está em movimento, a pessoa consegue focar mais no que precisa fazer”. Mas o fato é que não há nenhum estudo científico que demonstre a eficácia do aparelho.

Alguns pais têm até preferido comprar o hand spinner para que seus filhos brinquem com algo real e saiam um pouco do mundo virtual, dos celulares e computadores. O problema é que alguns estudantes estão usando esses brinquedos em sala de aula, e os professores não estão nada satisfeitos, já que a nova mania está tirando o foco da aula.

O brinquedo também revela a fascinação de crianças e jovens por soluções que de alguma forma aliviariam o estresse ou a tensão. Repletos de estímulos, luzes e movimentos, televisores, monitores e telas de celular também já cumpriram papel semelhante. Quando esses objetos chegam à sala de aula, porém, a situação tem de ser enfrentada pela escola, ainda que muitas ainda não saibam como lidar com essa questão.

A verdade é que ensinar a lidar com as emoções também é papel da escola. Com a inclusão das competências socioemocionais na Base Nacional Comum Curricular pelo MEC, escolas públicas e particulares terão de incluir o ensino dessas habilidades em seus currículos. Dezenas de escolas brasileiras já incorporaram aulas sobre o ensino das emoções em sua grade, por meio de um programa desenvolvido com base no Casel, principal centro de estudos da aprendizagem socioemocional do mundo.

O Programa Semente traz atividades de aprendizagem socioemocional, que ajudam o aluno a perceber as ligações entre o que ele pensa e o que ele sente. É importante ensinar ao jovem sobre como se conhecer melhor; melhorar sua concentração e compreender os motivos que o deixam ansioso.  Emoções e pensamentos podem ser regulados, contidos, compreendidos. Isso faz com que as atitudes sejam menos impulsivas e mais adequadas para atingir objetivos predeterminados.

No final das contas,estamos nos deparando com um brinquedo que promete soluções fáceis para os problemas. Outros virão. Cabe aos pais e às escolas reconhecer que os sentimentos importam para a educação. E que, do mesmo jeito que ensinamos as crianças a nadar e andar de bicicleta, podemos ensiná-las a lidar com suas emoções.

Celso Lopes de Souza

 

*Celso Lopes de Souza – Fundador do Programa Semente, Celso Lopes de Souza é médico psiquiatra formado pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e professor da Educação Básica há mais de 20 anos.

internacionais de educação, como o PISA. Desta forma, o Programa Semente contribui para a alfabetização emocional.

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