Matéria publicada na edição 100| Agosto 2014 – ver na edição online
Ser professor é muito mais do que apenas transmitir conhecimento. Com tanta tecnologia, não faltam meios para entreter os alunos. A dificuldade está mesmo em adequar as informações à realidade de cada estudante, causando interesse contínuo deles nas atividades propostas. No entanto, outro desafio também ronda a esfera da educação: ensinar as crianças e jovens a lidarem melhor com as finanças.
As pessoas ainda não estão totalmente engajadas na questão de preparar uma nova geração mais consciente e sustentável financeiramente. Mas, aos poucos, essa mentalidade está mudando. Diversas escolas espalhadas por todo o país já estão inserindo Educação Financeira em sua grade curricular, seja como disciplina, seja como matéria transversal.
O crescimento e o desenvolvimento de uma sociedade dependem também de educar financeiramente os cidadãos, ensiná-los a controlar seus recursos e respeitar seu orçamento. Contudo, mais do que instruir sobre como administrar seus bens, a Educação Financeira promove uma mudança de comportamento e de velhos hábitos com relação ao uso do dinheiro.
Todo ano lemos notícias sobre aumento do número de pessoas endividadas e dependentes de linhas de crédito, empréstimos ou até de ajuda de familiares para sobreviver. Para mudar essa situação, somente com educação financeira, que deve ser ensinada, especialmente, nas escolas (do Ensino Infantil ao Médio), pois o que as crianças e jovens aprendem no colégio eles levam para dentro de casa, contaminando os pais e familiares com esses princípios.
Um dos pontos-chave é a questão de poupar. Nós recebemos bastante informação sobre macroeconomia; no entanto, quando se trata de microeconomia, pouco se sabe. Guardar dinheiro é a prática que permite a realização dos sonhos, que é outro tema que não recebe a importância que tem.
Todos esses assuntos que permeiam a educação financeira dialogam diretamente com os conteúdos das disciplinas formais ensinadas nas escolas. Com a linguagem adequada para cada faixa etária, é possível mostrar aos alunos como lidar com as finanças do dia a dia, se planejar, poupar para os sonhos e conquistar a independência financeira.
As escolas que adotaram a educação financeira em currículo relatam não apenas benefícios para os alunos – que, aos poucos, vão apresentando mudanças de hábito de consumo –, como os próprios pais são influenciados, já que algumas atividades envolvem exercícios com a família. Mas há também professores que passaram a ter mais controle de seus orçamentos e melhoraram a sua autonomia financeira.
Há também os benefícios para a própria escola, que, além de se destacar no mercado por oferecer um ensino diferenciado, pode ter a inadimplência reduzida ao estender o ensinamento para os pais, ajudando-os a lidar melhor com suas finanças. Essa é a principal contribuição da educação financeira: quebrar o ciclo de gerações de pessoas endividadas e criar uma nova geração de pessoas e famílias equilibradas financeiramente.
Reinaldo Domingos, educador financeiro, presidente da DSOP de Educação Financeira e da Editora DSOP, autor dos livros Terapia Financeira, Eu Mereço Ter Dinheiro, Ter Dinheiro não tem Segredo, Livre-se das Dívidas, da primeira Coleção Didática de Educação Financeira no Ensino Básico, e das séries infantis O Menino e o Dinheiro e O Menino do Dinheiro, todos pela Editora DSOP.