Quando falamos de inclusão ou alunos com deficiência, logo nos perguntamos: mas qual o comprometimento desse estudante? Tem laudo? Faz acompanhamento? Na turma já temos algum aluno com deficiência?
Perguntas comuns, já que acendemos uma série de alertas na nossa cabeça, especialmente se “daremos conta” de acolher todas as demandas da criança.
Com deficiência ou não, cada aluno é único, tem suas habilidades e fragilidades, e este trabalho de identificar e ajudar o estudante a se superar deve ser uma constante na rotina do professor.
Eu sou defensora das Metodologias Ativas de Aprendizagem, por um motivo muito simples… há 20 anos eu vejo, tenho evidências de que funciona e muito bem, com TODOS!
Aquele aluno com deficiência, com dificuldade de aprendizagem ou com algum transtorno, pode ser extremamente bem conduzido em dinâmicas ativas na sala de aula. Ok, ele não está alfabético, mas pode assistir a vídeos sobre o tema e contribuir com a discussão. Na hora da “mão na massa”, talvez sua concentração e hiperfoco em algum detalhe pode fazer toda a diferença no trabalho do grupo. Quando trabalhamos Aprendizagem por Projetos, por exemplo, é possível que cada estudante fique responsável por aquilo que faz de melhor, isso inclui os alunos limítrofes.
Quando aplicamos a Rotação por Estações, estamos desenvolvendo mais do que a autonomia do estudante, nessa abordagem ele se corresponsabiliza pelo resultado, aprende a fazer escolhas, pratica a gestão do seu tempo, colabora com o outro, e a aula se torna mais engajadora para todos.
Nessa prática, talvez o aluno de inclusão precise de mais direcionamento, e tudo bem! Para isso temos o professor facilitador na sala, ajudando a construir sua jornada, definindo previamente os espaços e tempos a serem explorados.
É fato que o professor deve ter o amparo da gestão e liberdade para definir, junto com a turma, o seu percurso pedagógico. Mais importante ainda é o professor ter um material didático e recursos que possibilitem trilhar esse caminho de forma estruturada e flexível. Não dá para colocar um material super rígido e conteudista na mão do professor e querer que ele dê conta de desenvolver habilidades para além das cognitivas, com provas batendo na porta o tempo todo.
É preciso ter coerência entre o discurso e a prática, clareza do que se quer atingir, do seu propósito educacional!
A Sala de Aula Invertida é uma das abordagens mais utilizadas hoje, pelas escolas, e uma excelente ferramenta para o aluno de inclusão. Porque ele pode ler, reler e reler mais uma vez, sem pressa, fazendo suas anotações. Ele não sabe ler? Indique vídeos sobre o tema, peça que ele desenhe o que achou de mais importante ou o que entendeu do assunto. No momento de retomar a temática em sala, ele poderá compartilhar suas impressões, contar como foi a sua experiência e fazer parte do coletivo, incluído efetivamente no processo de aprendizagem.
Sim, trabalhar com inclusão é sempre um desafio, por isso a formação continuada dos professores é essencial para a construção de uma cultura escolar autônoma, inovadora, atual e condizente com as necessidades do estudante de hoje.
Como sempre, deixo aqui o meu convite: Vamos juntos?!
Cristine Soares – CEO do VIVA Metodologia Ativa, diretora do Colégio Guaiaúna, autora do livro Metodologia Ativas: uma nova experiência de aprendizagem, mestra em educação pela PUC/SP.