A Educação é um laboratório para os alunos se prepararem para viverem plenamente a sua vida pessoal e profissional. Uma recente avaliação sobre o capital humano, publicado no World Economic Forum, mostrou que as escolas focalizam demais nas habilidades cognitivas e pouco no desenvolvimento do pensamento crítico, do Problem Solving, da criatividade, flexibilidade, autonomia, responsabilidade, autoconfiança, capacidade de comunicação, do reconhecimento dos próprios sentimentos e dos outros, do intercâmbio de ideias, cooperação e empatia – ou seja, das competências socioemocionais. Isso não é nenhuma novidade, pois sabemos que a maioria dos sistemas escolares no mundo são avaliados como pouco adequados a preparar os jovens para o mercado de trabalho.
Essas habilidades citadas acima, segundo o World Economic Forum, são necessárias para conseguir um emprego em 2020, e isso nos faz perguntar: Estamos preparando nossos filhos e alunos para o futuro que os espera?
É na Educação que está a base do desenvolvimento de qualquer ser humano. Afinal, como vimos, o atual mercado de trabalho exige do aluno, além do conhecimento técnico, a valorização da competência emocional e o saber se relacionar, para estarem prontos a fazerem a diferença no mundo. Claro que o tema é vasto e complexo, todavia, podemos refletir sobre alguns elementos importantes, como:
A empatia é uma competência socioemocional que precisa ser desenvolvida de forma diferente conforme a idade dos alunos. Empatia é um termo que deriva do grego “em-pathos”, “sentir dentro”, referindo-se ao reconhecimento das emoções das outras pessoas. A empatia é, essencialmente, a capacidade de se pôr no lugar do outro, de ver o mundo do ponto de vista dele.
Para ajudar o aluno a desenvolver maior empatia e sociabilidade, é interessante o estímulo de se colocar no lugar do outro. A atividade de teatro, por exemplo, pode ter essa finalidade de proporcionar a experiência para que eles possam ter consciência do grau de sofrimento que uma condição de exclusão ou de ataque pode provocar. E, também, trabalhar as competências de problem solving, para que os alunos encontrem estratégias de solução que podem ser mais eficazes para melhorar as situações problemáticas.
Os estudos e as pesquisas nos mostram que jovens empáticos têm mais capacidades de conseguir o sucesso profissional. Em razão de ser mais orientados aos objetivos, conseguem enxergar os horizontes, imaginar possibilidades e criar parcerias, pois são capazes de viver bem com os outros.
Outro ponto importante é fortalecer o trabalho em equipe. Fazer uma parte das tarefas de casa, na escola e em grupo, por exemplo, ajuda a desenvolver no aluno a responsabilidade em ajudar quem não é muito bom em uma determinada matéria e, também, a ser ajudado em outra. É uma forma de “aprendizagem colaborativa”, onde crianças com diferentes pontos de força e de dificuldade estão juntas na sala de aula e se ajudam mutuamente, trabalhando em projetos.
Em longo prazo, a habilidade que se desenvolve é a cooperação, e ensina também que não se alcança o sucesso sozinho, mas que juntos chegamos a melhores resultados que individualmente. É a motivação que precisa ser desenvolvida, é aprender e melhorar em relação a si mesmo, e não em competição com os demais. Se concentrar menos no “eu/meu” e mais no “nós/nosso” contribui para minimizar os atos de bullying e a construir um mundo mais solidário.
Quando as crianças se ajudam, incentivadas a explicar algo da matéria aos colegas, não só aprendem mais e melhor sobre o assunto, pois precisam elaborar o conhecimento e não só memorizá-lo, mas treinam algumas habilidades, como: a observação e a atenção ao outro, como ele entende ou não, como reage, a decifrar suas emoções, a “ler” suas expressões. As crianças precisam, naturalmente, se colocar no lugar da outra pessoa, desenvolvendo, assim, flexibilidade, resiliência e empatia, ao mesmo tempo em que desenvolve a autoconfiança.
A empatia e as competências socioemocionais, como um todo, são passos importantes para iniciar uma nova etapa na educação de forma mais integrada e eficaz, que permita que as mudanças realmente cheguem aos alunos, para que sejam cidadãos realizados, cooperativos, éticos e felizes.
O importante é começar a falar, implementar, experimentar, testar, inovar, ousar, se abrir e trabalhar juntos para realizarmos a mudança. Precisamos primeiro, nós – pais e educadores – se predispor a inovar. A união faz a força. É possível trabalhar além da performance escolar, também no nível de desenvolvimento emocional das nossas crianças, para serem adultos mais conscientes e seguros – em síntese, mais realizados e felizes.