Matéria publicada na edição 69 | Junho e Julho 2011- ver na edição online
A desistência dos estudantes no 1º ano do Ensino Superior atinge hoje a 40% das matrículas, patamar que tem levado as escolas de Educação Básica a ampliarem programas relacionados à orientação vocacional entre jovens e adolescentes. “De forma geral, as escolas vinham se preocupando muito em preparar o aluno para o vestibular, mas esqueciam que ele precisa ter claros seus objetivos e saber qual a carreira pretende seguir”, observa Fátima Miranda, psicóloga, pedagoga e orientadora no Colégio Pio XII, que recentemente organizou uma Feira de Profissões com três instituições (além do Pio XII, os colégios Franciscano São Miguel Arcanjo e Franciscano Nossa Senhora do Carmo).
“Existe um gap muito nítido entre a realidade do mercado e os currículos”, afirma Paulo Sergio Sgobbi, diretor de Educação e Recursos Humanos da Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação). Apenas no segmento de Tecnologia da Informação, faltam 92 mil profissionais qualificados, como analistas, projetistas, desenvolvedores, programadores, implementadores, coordenadores, gerentes, diretores, consultores e estagiários, revela Paulo Sergio. “O aluno não vai ficar hoje num banco escolar se dominar mais o assunto que o próprio professor, ele já está aparelhado com smartphones, por exemplo, e não pode ser tratado dentro dos parâmetros curriculares atuais.”
O problema é amplo. O Governo Federal estima que a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil irá gerar 330 mil empregos permanentes nos próximos três anos, além de 380 mil temporários, especialmente na construção civil, indústria da alimentação e bebidas, além de serviços de apoio às empresas, de utilidade pública (eletricidade, gás, água etc.) e de informação. No entanto, há carência de profissionais especializados na construção e no setor de bens de consumo, além de serviços, transportes e siderurgia e metalurgia, conforme divulgou em setembro do ano passado a Fundação Dom Cabral. Dentre os profissionais de nível superior, o problema atinge a indústria petrolífera, química, de telecomunicações e de agronegócios.
“A orientação profissional deve dar conta de pensar na escolha do curso superior a partir de uma discussão com os alunos sobre o mundo do trabalho na atualidade. Compreender a dinâmica das relações, como se constroem as carreiras e como os projetos pessoais estão relacionados com os profissionais”, observa André Meller, coordenador de Comunicação e Projetos do Colégio Oswald de Andrade, que desenvolve atividades regulares de orientação vocacional, assim como inúmeras escolas da rede privada de ensino de São Paulo. (R.F.)
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Mara Cabral
maracabral@haiah.com.br
Márcio Usmari
marcio.usmari@cda.colegiodante.com.br
Paulo Faria
paulofaria@escolainternacional.com.br