Antes de iniciar o meu artigo desta semana, quero agradecer as quase 6 mil pessoas que leram a minha última reflexão que fala sobre a amizade entre a equipe escolar (para lê-lo clique aqui). Obrigado!
Em meu livro DIÁRIO DE UM PROFESSOR falo sobre o ALUNO PROBLEMA. No livro, mostro alguns exemplos de alunos que eram indisciplinados e hoje estão em “bons” empregos. Levando suas vidas. Mas aqui, contarei algumas experiências que vivi, vi e não quero que vocês vivam!
Uma vez, em uma escola do Ensino Fundamental onde fui consultor Educacional, uma professora enviou um bilhete à mãe de um aluno, que já vinha dando um pouco de trabalho para entrar no processo de ensino-aprendizagem, dizendo e alertando que o mesmo não vinha realizando tarefas extraclasses e atividades em sala e gostaria que a mãe resolvesse o problema. A receptora do bilhete com muita raiva de ter sido repreendida por uma “professora” respondeu com as seguintes palavras:
“Professora,
O que eu vou fazer? Me diga! Acho que cada um tem que tomar conta do seu espaço. Ele é meu filho e não meu aluno. Não sei os conteúdos que você ensina… E também preciso de sua ajuda… Meu filho faz xixi na cama, ele não escova os dentes, não almoça no horário. Só quer jogar a porcaria do videogame e não me obedece. E agora? Você pode me ajudar?”
O bilhete revoltou a equipe escolar, dizendo que foi um grande “desaforo” e que os pais necessitam acompanhar e ajudar os filhos no trajeto escolar. Acredito nisso também, mas não adianta se “chocar” por isso. A mãe não estava totalmente errada. Vou explicar o porquê.
Antes de tudo, temos de entender se a própria professora deixou chegar neste limite. Em sala de aula, as regras precisam ser claras desde o início. Precisa falar como será a conduta do professor caso determinadas ações aconteçam. Lembre-se que a conduta do professor tem de estar paralela ao sistema que a escola adotou. Todos têm de estar falando a mesma língua, caso contrário, o professor perderá o controle com seus alunos. Um exemplo: O professor diz que se o aluno não trouxer o material, sairá da sala e chamará os pais. Daí um aluno não traz, ela faz isso e a direção manda-o de volta para a sala, não chama os pais. O aluno perceberá que ali haverá um atrito e se ele não for muito com a “cara” do Educador, a guerra foi declarada e a imagem do professor desgastada. Por isso, antes de formular ações, verifique com a coordenação e com a equipe como será o procedimento.
Então, antes de enviar um bilhete “desabafando” chame você mesmo, verifique o que pode fazer para aquele aluno. Eu, como educador, sempre verifico o meu aluno. Observo-o a todo instante. Caso algo esteja errado, chamo-o do lado e converso com ele, mostrando que eu apenas quero o seu sucesso, mas antes ele precisa refletir em qual caminho ele percorrerá para chegar ao seu sucesso. Claro, que no primeiro dia de aula, mostro a eles como será aquele bimestre. O que vem pela frente e o que farei em determinadas ocasiões. Hoje, qualquer coisa que faço, é raro o aluno que fica com “raiva” de mim. Acredite!
Após a conversa em paralelo. Elogie os avanços, mesmo que ele não esteja. Uma grande observação para nós, professores, toda ação feita pelo aluno que dificultará seu aprendizado, registre na caderneta, no espaço atrás que chamamos de observação. Leia para o aluno no intuito de mostrar que é para o seu próprio bem:
Exemplo:
O Aluno X não trouxe a tarefa pedida no último dia Y, disse que não houve tempo para a mesma, tendo em vista que esta dificultará em seu avanço de habilidades Z para chegar à competência H, exigida em seu ano/série.
Registre sempre!
Caso não resolva, é hora de chamar o orientador educacional ou o mediador. O profissional deverá conversar com o aluno a sós e depois chamar o professor e juntos tentar resolver. Mas ainda não funcionou. Agora sim, é hora de chamar os pais. Não mande recados com o problema escrito. Se o aluno for pequeno, ele entregará, mas não sabemos como os pais lerão o bilhete, pois quando a mensagem é escrita, a leitura dependerá do estado de espírito deles. E sabemos que não anda nada bom.
Já vi bilhetes assim:
Pais ou responsável,
Seu filho não obedece em sala. Sempre atrapalha seus amiguinhos e ainda responde. Não está fazendo a tarefa. Preciso que tome uma atitude sobre isto!
A intenção ao chamar os pais não é criar mais um problema, mas, sim, resolver um. Que tal tentar desta forma:
Atenção responsável pelo aluno Y,
A equipe escolar da EMEF X o convoca para uma reunião no próximo dia ______ no horário _________ para falarmos do processo de ensino-aprendizagem de seu filho. A sua presença é muito importante, pois precisamos de sua ajuda para conseguirmos a progressão dos estudos do mesmo. Caso não exista possibilidade nesta data, por favor, entre em contato conosco dentro de 48 horas para um possível agendamento.
Diretor ______________
Professor______________
Muitas escolas chamam os responsáveis pelo telefone. A situação se torna mais difícil, pois muitos querem saber o motivo da presença e o mesmo não deve ser dito. Todas as conversas precisam ser feitas com a presença dos pais, professor, coordenador ou orientador e tudo precisará ser registrado em um relatório de visitas para possíveis confirmações futuras.
A presença dos pais está cada vez menor em reuniões coletivas. Tudo isso porque a mãe sabe que só serão “ditas” ações ruins de seus filhos e como ela não tem como controlar isso, não aparece.
Vamos mudar nossa visão em todos os níveis escolares. Na reunião, comece dizendo dos pontos fortes do aluno e que você está ali para ser mais uma ferramenta para que ele use para chegar onde quer. Mostre um ponto forte dos pais, elogiando-os sempre. Após, diga o que ele, aluno, poderia melhorar para atingir mais conhecimento e consequentemente mais nota. Diga aos pais que eles podem contar com você para que juntos consigam levar o seu filho mais longe!
Agora, quanto ao primeiro exemplo citado neste artigo, da atitude da professora em mandar o bilhete aos pais foi correta? Claro que sim! Não estou dizendo que não deve chamar os pais. Estou dizendo que precisamos mudar a maneira de chamá-los. O problema de não tarefa realizada é nosso, mas o filho é deles. Que tal ter os pais como aliados e não como os salvadores ou os que resolverão este problema?
Gaste todas as “cartas” que você tem, depois mostre todos os registros aos pais, dando a entender que a escola estava fazendo o seu papel, mas se faz necessário uma atitude em parceria para que o aluno progrida.