Olho para trás, mais um ano passou, o que deixo lá e o que trago na bagagem, leve de 2013. Revejo algumas cenas e penso: não foi tão ruim assim. Com um olhar amoroso, porém não mais inocente, como em outra hora, você passa a entender que a vida é um roteiro construído e reconstruído a cada encontro, a cada página e a nós cabe selecionar o que é rascunho e o que é original.
Uma convicção que trago para 2013. Manter minha autoria diante de tantos convites que a vida nos faz; desafios tecnológicos; questões existenciais, principalmente diante de tantas possibilidades.
Desapegar-se do futuro é um longo caminho, porém possível. Não cabe na minha bagagem de 2013: Tantos futuros “por Vir”, não os descarto, mas os acolho em meu tempo presente, como um amigo que vai chegar, preparo o cenário, arrumo a casa, chamo os convidados e conversamos, sentimos, no meu tempo – Presente – o tempo Futuro!
Rever o próprio tempo nos permite reescrever a própria vida, preencher as lacunas em aberto, apagar os erros, cessar as palavras e ruídos, cortar o que já não serve mais e principalmente reeditar outras possibilidades.
Como na poesia de Manoel de Barros, os silêncios são compostos de muitas palavras:
(…) Eu fui aparelhado
Para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu Quintal é maior que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios
(…) Só uso as Palavras para compor meus silêncios.
(Manoel de Barros, 2006). Memórias inventadas para crianças.
Por Jane Patricia Haddad *
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