Matéria publicada na edição 99 | Junho/Julho 2014 – ver na edição online
Em minhas visitas às instituições de ensino no primeiro semestre, constatei um fenômeno enredador. A grande maioria das escolas que tiveram algum tipo de dificuldade na última alta sazonalidade (rematrículas atrasadas, perda de alunos, pouca procura e baixo número de matrículas novas) não possuía consciência clara das suas dificuldades, desconheciam suas falhas ou terceirizavam o problema: – Eu perco muitos alunos porque a outra escola deu muito desconto.
Esta situação pode ser explicada devido a dois fenômenos. Intitulei um deles como a Síndrome da Alice nos País das Maravilhas que ocorre quando o líder, mesmo tendo uma consciência rarefeita das suas dificuldades, diz que efetua plenamente suas tarefas com qualidade. Mas, na verdade as tarefas não ocorrem ou acontecem de forma parcial e mal feita. Este sistema de defesa da psique humana reduz o senso de falta de competência e gera a sensação de missão cumprida.
Um exemplo disso foi uma visita a uma escola que obteve poucos contatos e perdeu um pouco mais de alunos do que deveria na virada do ano. No discurso inicial da coordenação, dizia que o problema estava nas mudanças de endereço e nos irmãos mais velhos que tinham que mudar de escola, pois não possuía a série pretendida e consequentemente a mãe tirava o irmão mais novo. Seus colaboradores eram ótimos e exerciam plenamente seu trabalho.
Após um checklist, constatei que a coordenadora não exerce sua liderança efetivamente, não assiste às aulas e, por isso, não tem certeza da qualidade pedagógica da instituição, não obtém resultados satisfatórios com o pós-atendimento, pois é feito atrasado e na maioria das vezes as mães não eram encontradas, a campanha de propaganda foi limitada, o site e as redes sociais existem, mas estão desatualizados e a camuflada raramente ultrapassa a nota seis. Como a coordenadora explanou no início da reunião, realmente tudo era feito, mas de forma mediada, sem gestão e qualidade. Portanto, este motivo atingiu resultados modestos.
“Pior do que não fazer é realizar algo de forma medíocre.”
Outro fato que às vezes ocorre é a falta de visão sistêmica devido a uma dicotomia existencial. Os líderes têm total clareza e segurança de suas concepções filosóficas e ideológicas, domínio dos conteúdos, estratégias e metodologias para que seu corpo docente desempenhe um papel primoroso e o processo de ensino-aprendizagem ocorra de forma natural e eficiente.
Infelizmente, não é bem isso que ocorre no dia a dia da escola. Muitas variáveis, como faltas, professores despreparados, desmotivados, desorganização e falta de liderança, entre outras inúmeras pequenas falhas, acabam minando o projeto inicial. A proposta inicial é boa, mas o dia a dia acaba afetando a qualidade do trabalho pedagógico.
Se os líderes não tiverem recursos para acompanhar e analisar o que acontece no cotidiano da instituição, ficarão com a concepção ilusória de uma escola modelo que somente existe na teoria.
O monitoramento do professor em sala de aula e as reuniões de checklist semanais têm o objetivo de proporcionar uma visão sistêmica da instituição para que os líderes possam identificar e corrigir eventuais perdas de performance e reduzir o gap entre a realidade e a utopia.
A pesquisa de arquivo morto (ligações para as famílias que pediram transferência na virada do ano), realizada pelo Instituto Rabbit de Pesquisas, confirmou o aumento da irritabilidade e falta de tolerância, principalmente nas escolas com mais dificuldade em enxergar seus erros.
Arquivo morto – Pesquisa por telefone realizada com 3.403 famílias que trocaram seus filhos de escola na alta sazonalidade 2013/2014. Quase 40% de perdas ocorreram devido a problemas que poderiam ser evitados. Portanto, aumente a gestão para não aumentar a perda de alunos.
Mais informações: (11) 3862.2905 / www.rabbitmkt.com.br / rabbit@rabbitmkt.com.br