Matéria publicada na edição 112 | Outubro 2015- ver na edição online
A educação atual se dá num cenário complexo e desafiador, tanto no aspecto das constantes inovações tecnológicas, quanto no que se trata do momento sociopolítico por que passamos. Diante disso, em primeiro lugar, é indispensável que os professores conheçam melhor os sistemas educacionais.
Para Aguerrondo (1993), é dos sistemas educacionais a responsabilidade de gerar e difundir o conhecimento, instituindo-se em uma instância decisiva para o futuro da sociedade. Por isso, sua qualidade deve ser tratada como primordial.
No entanto, a definição de qualidade na educação é permeada por valores e experiências pessoais, pela cultura de um país, entre outros fatores subjetivos, que podem conferir significados distintos ao termo.
Aguerrondo (1993), afirma que o ensino de qualidade tem como característica “uma consistência entre o projeto político geral vigente na sociedade e o projeto educativo que opera”. Segundo a autora, um dos critérios para definir se um sistema educativo é bom ou não é reconhecer se ele alimenta o sistema cultural com os valores necessários para que os indivíduos possam se constituir como sociedade e participar dela.
Já, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco (2004), há dois princípios que caracterizam a maioria das tentativas de definição de educação de qualidade. O primeiro considera que o desenvolvimento cognitivo do educando é o objetivo explícito mais importante de todo sistema educativo e, por conseguinte, o êxito do aluno nesse âmbito constitui um indicador da qualidade da educação que recebeu. O segundo princípio insiste no papel que a educação desempenha na promoção das atitudes e dos valores relacionados a uma conduta cívica inserida nos parâmetros legitimados pela sociedade, bem como no fomento à criação de condições para o desenvolvimento afetivo e criativo do educando.
Ainda, na opinião de Hargreaves (2004), um sistema educacional de qualidade considera que “a chave para uma economia do conhecimento forte não é apenas as pessoas poderem acessar a informação, mas também o quão bem elas conseguem processar esta mesma informação”. O sucesso dos indivíduos, nessa perspectiva, depende da capacidade de aprender e se manter aprendendo, para interligar informações e articular os saberes ao longo da vida. Nesse contexto, a escola torna-se um espaço essencial para preparar os jovens para além das prioridades estabelecidas pelo currículo, formando cidadãos academicamente consistentes e fortalecidos.
O teórico norte-americano David Ausubel acreditava que quanto mais sabemos, mais temos capacidade de aprender. Para ele, aprender de maneira significativa é ampliar e reorganizar as ideias, criando conexões que possibilitem o acesso a novos conteúdos. Essa articulação intelectual dos docentes deve estar fundamentada no conhecimento das práticas e necessidades do jovem de amanhã.
O professor está numa posição estratégica, pois sua função é atrelada ao desenvolvimento integral dos jovens. Por isso, é relevante que, antes de tudo, o processo de sua formação vá além da abordagem acadêmica, contemplando seu desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional. Nessa trajetória, o professor constrói e reconstrói seus conhecimentos a partir de uma reflexão sobre a prática.
Assim, o profissional torna-se mediador do conhecimento, favorece o desenvolvimento de competências diversas, organiza o ambiente, articula suas experiências, estabelece parcerias, motiva e instiga o aluno para novas aprendizagens.
O que vai potencializar o aprendizado será um conjunto de amplas abordagens, que incluem o uso qualificado de recursos tecnológicos, as práticas pedagógicas, a organização dos conteúdos, o desenvolvimento profissional, enfim, tudo o que esteja relacionado ao ato de ensinar e aprender. Assim, a formação e o papel do professor são determinantes para desenvolver o potencial dos alunos.
Mais informações: www.vitalbrazilsp.com.br
Referências
AGUERRONDO, Inês. La calidad de la educación: ejes para su definición y evaluación. La
educación, 1año n.º 37 (116), (111), 1993, p.561-578.
HARGREAVES, Andy. O ensino na sociedade do conhecimento: educação na era da
insegurança. Porto Alegre: Artmed, 2004.