Os brasileiros sempre foram reconhecidos por sua alegria, festividade e por serem acolhedores. Mas, podemos observar que esse cenário vem mudando. Hoje, o Brasil tem 9% da sua população com algum transtorno de ansiedade. Esse índice é quase três vezes maior que a média mundial. No quesito depressão, o país está em quinto lugar no ranking, segundo levantamento realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A partir disso, podemos avaliar que muitas pessoas se sentem frustradas diante dos acontecimentos da vida, sem conseguirem concretizar os seus sonhos e perdidas nas turbulências dos caminhos percorridos. Por um lado, é normal sentirmos essa sensação uma vez ou outra. Afinal, costumamos ter expectativas sobre nossos projetos, relacionamentos, carreira e, como não temos o controle de tudo, podemos facilmente nos decepcionar. O problema é quando esse sentimento de impotência torna-se crônico o suficiente para causar algum desses transtornos.
Quando o indivíduo não consegue olhar para si e identificar suas fortalezas e fraquezas, as chances de desenvolver algo mais sério aumentam, pois os obstáculos tornam-se mais difíceis de superar. Para compreender melhor, podemos usar uma metáfora matemática: se não conhecermos algumas regras básicas de divisão, multiplicação, soma e subtração será muito difícil ou quase impossível resolver algum problema mais complexo que exija essas quatro aplicações juntas. Com a nossa vida é a mesma coisa. Nesse sentido, olhar para o interior é a “regra básica”.
A melhor solução para o ser humano buscar a sabedoria e a felicidade é o caminho da educação, por ser uma ferramenta fundamental para a prevenção desses transtornos, pois ela ensina essa “regra básica”, ou seja, conhecer as fortalezas e fraquezas internas. É no processo educativo que acontece a convivência humana e a descoberta de si mesmo. Esse percurso, por ser um processo contínuo de formação, acompanha a evolução e o destino do ser humano em todas as idades e em sua totalidade, tendo como resultado a realização pessoal.
Portanto, a convivência humana educa, o que é diferente de instruir. Educar significa extrair de dentro para fora, desenvolver as potencialidades do ser. Instruir é receber, de fora para dentro, informações e conhecimentos. Então, a educação não se reduz ao processo intelectual, mas também existencial, pois está comprometida com a vida.
Ambas são importantes ferramentas para o desenvolvimento do indivíduo e, no aspecto social, precisam caminhar juntas e em equilíbrio, complementando-se, e conferindo àquele que é educado uma base mais segura e mais consciente enquanto protagonista dessa maravilhosa experiência que é viver.
Quando levamos o assunto para um educador, ele precisa estar atento e ter consciência que, além de instruir, é necessário desenvolver também suas competências socioemocionais e transmiti-las para seus alunos. Assim, o professor proporciona um desenvolvimento harmonioso de todas as qualidades das pessoas que aprendem a se relacionar melhor uns com os outros, de maneira que se façam entender e compreendam os demais. O resultado de tudo isso é o respeito, o saber escutar, ser solidário e tolerante diante dos conflitos.
Para chegar nesse patamar é essencial uma atenção especial à formação dos professores, os grandes incentivadores para a evolução dos alunos. Essa relação entre educador e estudante é um verdadeiro laboratório para a vida, pois as crianças e os jovens aprendem e ensinam a arte de viver juntos, enfatizando os relacionamentos e transformando os conhecimentos em instrumento para viver melhor com o outro e consigo mesmo. Para que isso aconteça, contudo, é necessário o comprometimento das instituições para expandir as competências necessárias.
Como nos ensina a pedagoga Cecília Braslavsky, a grande conclusão é: a felicidade é um dos fins da educação, destacando a importância do amor, o afeto e o cuidado com o outro, a compreensão do ponto de vista de cada um, o exercício da solidariedade e da compaixão, a generosidade de ensinar ao próximo, a honestidade de praticar com o outro o que ensina e a humildade de perguntar o que se ignora.
Se educar é uma necessidade, considerar as emoções e os valores é uma arte que demanda o desenvolvimento da autorreflexão e do autoconhecimento de quem educa para perceber as diferentes situações, identificar os próprios sentimentos e respeitar as emoções do aluno. Dessa forma, cada vez mais teremos seres comprometidos com esse olhar interno e externo, consequentemente, com a visão de forma integrada, responsável e sustentável.
Lembrem-se sempre: pessoas satisfeitas contagiam e encantam outros indivíduos, se sentem valorizadas e estimulam os demais. O educador tem o poder de transformar esse cenário, contribuindo com um mundo melhor, a começar por si e por seus alunos. Viva esta missão e contribua cada vez mais com a vida e futuro que sempre desejou!