*Por Lars Janér
O debate sobre o papel das universidades na preparação dos jovens para o mercado de trabalho é um processo contínuo. Mesmo com os diferentes métodos de ensino adotados por instituições ao redor do mundo – algumas priorizando os formatos tradicionais, em aulas presenciais expositivas e outras introduzindo novas abordagens e recursos tecnológicos – cresce a tendência de uma educação voltada para o desenvolvimento de competências e habilidades, em que o trabalho em equipe, a interação e o desenvolvimento pessoal adquirem cada vez mais importância.
Uma pesquisa do LMS Canvas realizada em 2015, mostrou que no Brasil cerca de 80% dos universitários acreditam que as experiências proporcionadas pelas instituições de ensino são relevantes para a vida profissional. No entanto, entre aqueles já graduados e inseridos no mercado de trabalho, esse índice cai para 50%.
O fato é que a disponibilidade universal de conteúdo de qualidade na Internet e as necessidades da vida profissional atual fizeram surgir uma nova cultura de aprendizagem, que exige aperfeiçoamento contínuo. Esse cenário, somado a fatores como a mudança no perfil dos estudantes, o aumento de custos com a educação e as incertezas sobre a economia traz à tona questionamentos sobre o papel das universidades na sociedade, e na preparação das gerações.
Essa indagação tem sido o estopim de mudanças contínuas, alimentadas por diferentes setores da sociedade que alertam para o fato de que a educação proporcionada na universidade, apesar de importante, já não seria por si só suficiente para a formação profissional. Deveria incluir cada vez mais o desenvolvimento de determinadas habilidades e atitudes que os preparariam para um mundo onde a única certeza é a mudança constante.
Para atender a essa demanda, as universidades e os educadores precisam estimular os jovens a iniciarem jornada de novas aprendizagens, que os tornem capazes de buscar sua atualização contínua, tanto em suas áreas de atuação quanto em outros campos. Novas profissões surgem a cada ano, atendendo a novas necessidades do mercado e outras deixam de existir – em velocidade inédita e de forma imprevisível.
A educação no âmbito do ensino superior deve continuar sendo uma aliada da empregabilidade, da capacidade do profissional de estar preparado para este novo mercado. Nesse sentido, algumas das tecnologias responsáveis pela velocidade das mudanças podem ser a chave para a solução desse problema, ou ao menos seu principal facilitador.
O movimento da educação aberta, por exemplo, proporcionado pelo acesso quase universal à internet, permite o consumo de uma infinidade de recursos educacionais de qualidade, dentro e fora da sala de aula, estimulando ainda colaboração e a criação conjunta, e facilitando o debate e aproximação de diferentes culturas e ideias.
A tecnologia seria portanto a ferramenta que pode levar os estudantes e futuros profissionais a embarcarem em uma viagem de aprendizagem contínua, com ênfase em habilidades sócio-emocionais e o desenvolvimento de novos interesses, enquanto auxilia no preparo para a jornada profissional e a tão desejada empregabilidade. Os educadores devem estar preparados para mostrar aos alunos que a aprendizagem não se encerra ao término de um curso – e a busca constante por novos conhecimentos, a sede de aprender sempre, será parte essencial do profissional que pretende se destacar em sua carreira, contribuir para a sociedade e evoluir em compasso com a sociedade de hoje.
*Lars Janér e Diretor para a América Latina da Instructure