O conflito entre a escola e o desenvolvimento tecnológico atingiu um grau de paroxismo que não é possível perpetuar. De um lado, chegam à escola estudantes alfabetizados em linguagens digitais, dos games à internet; de outro, organizações e professores seguem um padrão linear de reprodução do conhecimento, e encontram dificuldades para se posicionar frente ao novo cenário. Estamos, de fato, vivendo um grande anacronismo: enquanto o mundo gira em rede, a comunicação dos educadores segue em fluxo linear e apresenta grande resistência em superar esse padrão.
Nesse momento, a escola precisa se perguntar se ela possui um posicionamento e uma prática claros e coerentes com relação ao impacto da tecnologia na educação, ou se, pelo contrário, está apenas tentando se adaptar às mudanças. Se você se identificou com a segunda opção, talvez queira continuar a leitura deste texto.
Vamos começar com algo bem simples: sua escola possui um planejamento estratégico? Fala-se muito em inserir a tecnologia educacional no planejamento pedagógico, mas se ela não for articulada por meio de um planejamento estratégico que a torne orgânica à organização escolar como um todo, ela funcionará apenas como um recurso a mais de aprendizagem.
Falando em planejamento estratégico, você tem o hábito de elaborar mapas SWOT – Strenghts (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças) – para sua escola? E um mapa eficiente das competências que sua organização possui?
Seguindo nessa perspectiva, você já pensou em como sua escola está posicionada no mundo virtual? Em como ela é percebida pela comunidade escolar? Ela consegue se revelar nesse ambiente, ao mesmo tempo em que educa o aluno através dele, e para nele aprender a se situar?
Agora, essa pergunta poderá soar estranha, mas é preciso fazê-la: em sua escola, a aprendizagem é um hábito ao mesmo tempo pessoal, de cada colaborador, e coletivo, da ação escolar?
De alguma forma, todos sabem da necessidade de revisar modelos mentais e padrões de comportamento que estão na base da prática escolar, e que não surtem o mesmo efeito de outrora entre os jovens. As possibilidades de mudança são muitas, mas é preciso criatividade e intuição para discernir práticas pertinentes a cada situação. Há muito trabalho pela frente. Na próxima coluna comentarei o livro de Peter Senge, especialista em aprendizagem organizacional – “Escolas que aprendem: um guia da quinta disciplina para educadores, pais e todos que se interessam por educação” (Editora Artmed, 2004).
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