Por Rafael Pinheiro
O conceito de qualidade pode ser analisado sob amplas óticas. E, quando este conceito engloba o sistema educacional, é possível perceber densos desdobramentos que acarretam decisões, planejamentos, metodologias e avaliações. O papel do gestor “garante o andamento do trabalho na escola, sendo uma função que planeja, gerencia, analisa, direciona, orienta toda a equipe”, diz Lidia Tudeia, mantenedora do Colégio Sussuarana, em São Paulo.
Segundo Lidia, existem alguns caminhos necessários para alcançar uma gestão de qualidade, como amar o que se faz, utilizar metodologias para conseguir gerenciar o dia a dia de trabalho da instituição, trabalho em equipe envolvendo toda a comunidade escolar e, também, utilizar indicadores de qualidade. “Considero primordial utilizar indicadores externos, como nossa pesquisa de satisfação enviada aos pais, pesquisas de mercador para entendermos o nosso posicionamento, pesquisa de staff, etc”.
Para saber mais sobre o assunto, entrevistamos Eldo Pena Couto, diretor do Colégio Magnum Cidade Nova, de Belo Horizonte. Confira abaixo a entrevista na íntegra:
Revista Direcional Escolas: Qual o papel do gestor escolar para garantir uma qualidade da instituição?
Eldo Pena Couto: O gestor escolar precisa atuar nas quatro perspectivas da gestão (gestão estratégica, gestão de processos, gestão de pessoas e gestão de resultados). É preciso alinhar todo o time da escola em objetivos comuns. Os processos chave, ou seja, aqueles geradores de valor, devem ser acompanhados sistematicamente. Para que os processos ocorram com excelência, é preciso treinamento, desenvolvimento e acompanhamento da equipe de professores e funcionários. Para assegurar que os resultados estão sendo alcançados, metas e indicadores devem ser criados e acompanhados
É papel do gestor: planejar – comunicar – acompanhar/avaliar – implementar melhorias.
Revista Direcional Escolas: Existem caminhos ou metodologias que podem ser seguidas para alcançar uma gestão de qualidade?
Eldo Pena Couto: Claro. Existem ferramentas para as quatro perspectivas da gestão; estratégica (ex: analise SWOT), processos (fluxogramas), pessoas (avaliação de desempenho), indicadores BSC).
Revista Direcional Escolas: Podemos afirmar que uma má qualidade na gestão implica no desenvolvimento e progresso de aprendizagem do aluno?
Eldo Pena Couto: Claro que sim. A atitude dos professores e funcionários depende da atitude da liderança. Processos mal geridos ou profissionais mal preparados são problemas de gestão.
Revista Direcional Escolas: A questão da qualidade é plural, ou seja, envolve toda a comunidade escolar ou fica restrita às problemáticas do gestor/diretor?
Eldo Pena Couto: A participação de todos os stakeholders, ou seja, todos aqueles que impactam na escola ou por ela são impactados é fundamental.
Revista Direcional Escolas: É necessário utilizar Indicadores da Qualidade externos ou certificações para avaliar e certificar as instituições de ensino?
Eldo Pena Couto: Avaliações externas são fundamentais. É necessário ter um olhar externo e comparativo. Avaliações pedagógicas diagnósticas realizadas por empresas especializadas constituem indicadores importantíssimos que, mais do que auxiliam, são fundamentais na tomada de decisões do gestor e no planejamento.
Revista Direcional Escolas: Você acredita que, com o advento tecnológico, qualidade tornou-se sinônimo de escola tecnológica ou com aparatos/equipamentos tecnológicos disponíveis?
Eldo Pena Couto: Claro que não. Um tablete não é nada mais do que um livro, um caderno e uma enciclopédia tudo no mesmo lugar e eletrônico, o fundamental na educação é a atuação do professor, tanto no aspecto do ensino dos conteúdos quanto na formação de hábitos e valores.
Revista Direcional Escolas: Com a crescente mudança na sociedade, expectativa de uma nova geração de alunos que entra nas instituições, o conceito de qualidade está em evolução, assim como a busca pela excelência, habilidades e competências na organização?
Eldo Pena Couto: Sim. A sociedade de hoje exige que a escola participe não só da preparação das crianças e jovens para o vestibular/Enem, mas também para os diversos desafios da vida, ou seja, um trabalho na formação de hábitos, valores e espiritualidade. Sem dúvida, a escola é hoje a instituição que mais apoia as famílias na relação, criação e formação dos filhos. Como diria Santo Agostinho; “O simples saber deixa o homem triste”, ou seja, não basta o conhecimento dos conteúdos, é preciso o desenvolvimento de competências socioemocionais tais como alteridade, respeito, compaixão, amor ao próximo etc.