Dica — Biblioteca e Sala de Leitura: instalações e equipamentos para o aprendiz do século XXI
Matéria publicada na edição 76 | Março 2012 – ver na edição online
O cenário de adaptação das escolas à Lei Federal 12.244/2010, que torna obrigatória a implantação de bibliotecas em todas as instituições de ensino no prazo de uma década, revela “desafios e carências” nas articulações necessárias a que a norma seja comprida no tempo determinado. “Um dos problemas é a falta de bibliotecários-educadores para atender à atual demanda de mercado”, enfatiza Rosana Telles, que coordenou a Comissão de Educação do Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de São Paulo, Oitava Região (CRB-8), entre 2009 e 2011 (15ª Gestão).
Para a ex-coordenadora, outro entrave é o modelo de biblioteca aplicado nas escolas, obsoleto há pelo menos 20 anos. “Ele se dedica somente ao incentivo à leitura, ao desenvolvimento de programas culturais. O espaço é visto apenas como depósito de livros. Tal conceito precisa ser ampliado”, diz. O ideal, orienta Rosana, é que a biblioteca tenha relevância semelhante às matérias da estrutura curricular do EnsinosInfantil e Fundamental. “O uso da informação precisa começar a ser ensinado na escola”, acrescenta.
A presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), Nêmora Rodrigues, afirma que o órgão tem empreendido esforços para modificar a situação. “Uma das próximas ações é conscientizar os dirigentes da área da educação sobre a importância da biblioteca escolar no contexto pedagógico.” A Comissão de Educação da 15ª Gestão do CRB/8, comenta Rosana, desenvolveu várias iniciativas para disseminar um novo paradigma para a biblioteca escolar, que foca o espaço como centro de produção e compartilhamento de informação.
A biblioteca deve ser tratada como agência educadora de importância vital na comunidade, segundo a ex-coordenadora do CRB. “Nesse sentido, a leitura deve deixar de ser um fim para ser o meio, como ferramenta essencial de acesso à informação e à compreensão e geração de conhecimento”, explica. Para atingir o propósito, detalha Rosana, o espaço deve ser planejado de forma a atender as competências tecnológicas necessárias para o aprendiz do século 21. “Laboratórios de informática para pesquisa online, salas equipadas com recursos audiovisuais, espaço de leitura e eventos para expor os trabalhos dos alunos são imprescindíveis.”
No que diz respeito ao acervo, a presidente do CFB afirma que “deve contemplar a diversidade de gêneros textuais e, além de livros, incluir revistas e outros materiais não impressos, como documentos sonoros, visuais e digitais”. Nêmora destaca ainda a necessidade de implantação do sistema de terminais de busca através de catálogos eletrônicos, que permitam localizar livros, DVDs e CDs.
O Conselho Federal, em parceria com o Grupo de Estudos de Biblioteca Escolar (GEBE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), produziu recentemente um documento que estabelece as diretrizes a serem seguidas pelas escolas – “Parâmetros para Bibliotecas Escolares” -, aprovado pelo MEC e regulamentado pela Resolução CFB no 119/2011. O material está disponível para consulta no endereço http://www.cfb.org.br/projetos.php. (Por Tainá Damaceno)
Saiba mais
Rosana Telles
[email protected]
Nêmora Rodrigues
[email protected]