Dicas — Biblioteca – Estrutura
Matéria publicada na edição 56 | Março 2010 – ver na edição online
Espaço cresce e muda conceito na Era da Informação.
O Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de São Paulo (CRB-8) lançou recentemente o projeto “Biblioteca Vitrine: uma parceria para ser vista”. O propósito é identificar “bibliotecas escolares que se destaquem por suas condições físicas, recursos humanos e informacionais e práticas de incentivo à leitura e capacitação informacional”, anuncia Rosana Telles, coordenadora da Comissão de Educação do órgão.
Bibliotecária, Rosana trabalhou durante 24 anos na Associação Escola Graduada de São Paulo e articula o projeto de biblioteca do Centro Comunitário da Favela Real Parque, na zona Sul da cidade. Segundo ela, é preciso repensar o papel das bibliotecas escolares, que nos últimos vinte anos estiveram vinculadas “quase exclusivamente ao desenvolvimento de programas de incentivo à leitura”. Na Era da Informação e do Conhecimento, ressalta, o espaço deve “atuar como centro de informações acessíveis e compartilhadas por todos”.
As bibliotecas devem ser configuradas “de forma a oferecer flexibilidade e acomodar locais para estudo individual e em grupo, laboratórios de pesquisa on-line, salas de reuniões, salas equipadas com recursos audiovisuais, assim como espaços para leitura, eventos e exposições de trabalhos elaborados por alunos”, afirma. As atividades envolveriam novas linguagens e formatos (impressos, eletrônicos e digitais) e desencadeariam “um consumo consciente da informação”. Rosana lembra que o atual excesso de informação gera muito “lixo informacional”.
A bibliotecária propõe que esses espaços conquistem seu lugar no currículo da Educação Infantil e Ensino Fundamental, organizando-se visitas semanais de meia hora (EI) a 45 minutos (EF), em que o bibliotecário possa desenvolver um “programa de capacitação informacional”. A partir do 1º ano os estudantes aprenderiam a “utilizar o catálogo eletrônico para localizar informações” e receberiam “orientação sistemática sobre técnicas de pesquisa”. Já para as turmas da Educação Infantil seria programada a “hora do conto”, iniciando-as nos fundamentos desta capacitação. Para cada grupo seria disponibilizado “o tempo necessário para a seleção dos livros, revistas, CDs ou DVDs que quisessem emprestar da biblioteca”. A frequencia semanal ao espaço representa “um fator motivador decisivo para incentivar o interesse não só pela leitura, mas pelo aprendizado”, destaca Rosana.
Para a bibliotecária Magali Bertoli Chiaratti, graduada há 17 anos pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), a biblioteca escolar deve atuar no apoio à educação básica e “estabelecer uma parceria com os professores, na qual as atribuições de ambos se completem”. Com os estudantes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental de uma cooperativa de ensino (CEDESC – Instituto de Educação e Cultura de Descalvado, interior de São Paulo), Magali desenvolve o “Projeto Biblioteca”. As visitas dos alunos são quinzenais e envolvem, além da retirada do livro, um estudo conduzido pela bibliotecária, quando “eles fazem comentários, mudanças que gostariam de fazer se fossem o autor ou mesmo uma defesa da obra, incentivando os demais a lerem”. Já os estudantes do 5º ano são desafiados a construir e editar a sua própria história. Em 2009, eles apresentaram a obra coletiva “Se eu fosse um cientista” durante a Mostra Científica da escola.
(R.F.)